Incêndio de grandes proporções em torres residenciais em Hong Kong vitimaram de morte ao menos 36 pessoas e outras 279 estão desaparecidas
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Por BBC
(Brasília-DF, 26/11/2025). Nesta quarta-feira,26, um incêndio de grandes proporções atingiu sete prédios de um condomínio no distrito de Tai Po, em Hong Kong. Pelo menos 36 pessoas morreram e outras 279 estão desaparecidas. Dezenas de pessoas estão hospitalizadas.
Entre os mortos está um bombeiro de 37 anos, que morreu enquanto combatia as chamas. O governo o descreveu como "dedicado e corajoso".
Mais de 800 bombeiros estão no local para tentar apagar o fogo no condomínio de Wang Fulk Court.
O incêndio foi classificado como nível cinco, o mais grave em Hong Kong. A última vez que um incêndio deste nível atingiu a região foi em 2008, quando o Cornwall Court — no distrito comercial de Mong Kok — pegou fogo.
Segundo o chefe do Executivo da região, John Lee, o incêndio está agora sob controle, com três prédios já sem vestígios de chamas.
O fogo começou às 14h51 no horário de Hong Kong (madrugada no Brasil). Centenas de apartamentos foram evacuados e os moradores levados para abrigos temporários e unidades habitacionais de emergência.
Um bebê e uma mulher idosa foram resgatados dos prédios no início da noite.
Uma investigação sobre as causas do incêndio está em andamento.
Segundo as autoridades, a velocidade com que o fogo se alastrou foi "incomum". As chamas teriam se espalhado rapidamente pelos prédios vizinhos através dos andaimes de bambu, que cercava o condomínio, que estava em reforma.
O Wang Fuk Court é um condomínio composto por oito torres, cada uma com 31 andares.
Segundo o censo governamental de 2021, elas oferecem 1.984 apartamentos para cerca de 4.600 residentes.
Construídas em 1983, as torres estavam passando por reformas, e a parte externa dos prédios estava coberta por andaimes de bambu.
Esse tipo de andaime é usado em Hong Kong há séculos, pois o bambu cresce rapidamente, é leve e muito resistente.
Muitos o consideram um ícone da paisagem urbana da cidade, mas Hong Kong é uma das últimas cidades do mundo a utilizá-lo na construção moderna.
Em março, a mídia local noticiou que o Departamento de Desenvolvimento do governo vinha tentando eliminar gradualmente o uso de bambu por questões de segurança.
A pressão para substituir o bambu por metal surgiu após uma série de mortes relacionadas a andaimes em Hong Kong.
Os andaimes de bambu apresentam "fragilidades intrínsecas, como variação nas propriedades mecânicas, deterioração ao longo do tempo e alta combustibilidade, etc., o que gera preocupações com a segurança", afirmou o porta-voz do departamento, Terence Lam.
O fogo espalhou 'num piscar de olhos'
A mídia local relatou que explosões foram ouvidas dentro dos prédios e que as mangueiras de incêndio não conseguiam alcançar facilmente os andares superiores.
Harry Cheung, que mora no bloco dois do complexo Wang Fuk Court há mais de 40 anos, contou à Reuters que ouviu "um barulho muito alto por volta das 14h45 e viu o fogo em um bloco próximo.
"Imediatamente voltei para arrumar minhas coisas", disse o idoso de 66 anos.
"Eu nem sei como me sinto agora. Só estou pensando em onde vou dormir esta noite, porque provavelmente não vou conseguir voltar para casa."
Já Jason Kong, que mora no bloco um do complexo, tentou entrar no prédio quando o incêndio começou a se espalhar para resgatar seu cachorro, mas foi impedido pela polícia.
À Reuters, ele disse que a escalada do incêndio o surpreendeu.
"Recebi uma mensagem por volta das 15h de que o telhado estava em chamas. Depois, começou a se espalhar muito rápido. Espalhou-se num piscar de olhos. Eu moro no bloco um. Achei que o fogo do bloco três não se propagaria tão depressa", disse.
"Estou devastado. Há tantos vizinhos e amigos. Não sei mais o que está acontecendo… como devemos lidar com isso?"
A equipe da BBC na China, presente no local, também conversou com pessoas afetadas pelo incêndio.
O vereador do distrito de Tai Po, Mui Siu-fung, disse ter visto o incêndio no bloco onde tudo começou.
"Dava para ver as chamas por dentro, pelas janelas", afirmou.
O estudante Tomas Liu, que passava pelo local, disse ter se assustado com a quantidade de fumaça, que já dura horas.
"Quando você se aproxima, o calor aumenta e você consegue senti-lo, e a fumaça é muito densa. É um desastre", disse.
Segundo a BBC China, o cheiro de fumaça pode ser sentido a 500 metros de distância do condomínio.
( da redação com informações da BBC. Edição: Política Real)