Geraldo Alckmin, na Índia, anuncia venda 6 milhões de barris de petróleo, discute ampliação do comercio bilateral para US$ 20 bilhões e declaração para ampliação Mercosul-Índia
O acerto ocorre em meio à pressão dos Estados Unidos sobre a Índia, que sofre tarifas de até 50% em razão de sua compra de petróleo russo
Publicado em
(Brasília-DF, 16/10/2025) Nesta quinta-feira, 16, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera a delegação brasileira em visita oficial à capital indiana. Informou que
Petrobras assinou contrato para o fornecimento de 6 milhões de barris de petróleo à Índia ao longo de um ano. O acordo faz parte de uma agenda mais ampla de fortalecimento das relações comerciais e energéticas entre os dois países.
Segundo Alckmin, a estatal também lançará 18 blocos offshore para exploração de petróleo nas bacias de Santos e Campos. “É recorde. São 18 blocos no ano que vem e um número ainda maior em terra”, afirmou.
O acerto ocorre em meio à pressão dos Estados Unidos sobre a Índia, que sofre tarifas de até 50% em razão de sua compra de petróleo russo. Apesar disso, o país asiático mantém forte dependência da Rússia, que responde por mais de um terço de seu consumo energético.
A parceria com o Brasil surge como uma alternativa diplomática e estratégica para Nova Déli diversificar fornecedores.
Preferências tarifárias
Durante a missão, Brasil e Índia também definiram um cronograma para ampliar o Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia, hoje considerado restrito. O governo brasileiro quer elevar o comércio bilateral para US$ 15 bilhões em 2025 e US$ 20 bilhões até 2026.
O tratado atual cobre apenas 450 categorias de produtos e prevê reduções tarifárias modestas, entre 10% e 20%. A proposta em discussão busca ampliar o número de produtos beneficiados e aprofundar as preferências comerciais.
“Temos um acordo de preferência tarifária que cobre poucas linhas. Podemos ampliar e aprofundar para aumentar nossa competitividade”, afirmou Alckmin.
Para a diretora de negócios da ApexBrasil, Ana Repezza, a revisão do tratado é prioridade diante das tensões internacionais. “A ampliação tornou-se prioridade estratégica, especialmente após as tensões com os Estados Unidos”, disse.
Cooperação empresarial e setorial
A missão brasileira reuniu representantes de 20 setores, incluindo agronegócio, tecnologia, energia e saúde. As conversas abordaram a redução de tarifas e o acesso ao mercado indiano, além de medidas para facilitar negócios, como o visto eletrônico para empresários indianos e parcerias na área farmacêutica.
Declaração Conjunta Índia–Brasil sobre o Aprofundamento do Acordo de Comércio MERCOSUL–Índia
Por ocasião de seu encontro em Nova Délhi, em 16 de outubro de 2025, o Vice-Presidente do Brasil e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o Ministro do Comércio e Indústria da Índia, Piyush Goyal, saudaram o interesse tanto da Índia quanto dos Estados Membros do MERCOSUL em aprofundar o Acordo de Preferência Comercial atualmente vigente, com o objetivo de promover o comércio e os investimentos entre as Partes.
Recordando o Acordo-Quadro assinado entre a Índia e o MERCOSUL em 17 de junho de 2003, com o objetivo de fortalecer as relações e promover a expansão do comércio em conformidade com as regras e disciplinas da OMC, as Partes concordaram que:
a ampliação do Acordo deverá ser substancial, visando a que uma parcela significativa do comércio bilateral se beneficie de preferências tarifárias;
a ampliação do Acordo deverá abranger tanto questões tarifárias quanto não tarifárias relacionadas ao comércio e à parceria econômica;
a participação ativa do setor privado e de outras partes interessadas para apoiar o processo de negociação deverá ser promovida;
o próximo passo dessa iniciativa deverá ser o estabelecimento de um diálogo técnico entre as Partes, incluindo a realização de uma reunião do Comitê de Administração Conjunta, criado nos termos do Artigo 23 do Acordo de Preferência Comercial, na data mais próxima mutuamente conveniente, com o objetivo de definir o escopo da ampliação;
as Partes deverão envidar esforços para concluir as negociações no prazo de um ano a partir do lançamento das mesmas.
Além disso, o lado brasileiro indicou que atuará de forma coordenada com seus parceiros do MERCOSUL com vistas a um aprofundamento substancial, ágil e mutuamente benéfico do Acordo.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)