BRASIL X EUA: Telmário Mota afirma que acolhida de venezuelanos em Roraima não serve para nada
Autor do convite ao chanceler brasileiro para explicar a presença do secretário de Estado dos EUA no país, criticou ainda a decisão do governo federal em fechar as fronteiras com a Venezuela e estrangular a economia de Roraima
( Publicada originalmente às 13h 20 do dia 24/09/2020)
(Brasília-DF, 25/09/2.020) O senador Telmário Mota (PROS-RR) afirmou nesta quinta-feira, 24, que acolhida de venezuelanos realizada no estado de Roraima não vem servindo para nada. Autor do convite ao chanceler brasileiro, ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores do governo brasileiro, para dar explicações aos parlamentares da comissão de Relações Internacionais do Senado sobre a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos (EUA), Mike Pompeo, no país, ele criticou a decisão do governo federal em fechar as fronteiras com a Venezuela e estrangular a economia roraimense.
Líder do PROS no Senado, Telmário Mota pediu que a chancelaria do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) revisse sua política de rejeição ao governo venezuelano e que corta relações comerciais com o país vizinho. Segundo ele, a atual política do governo brasileiro contra a Venezuela é danosa a população de Roraima, um estado que depende, umbilicalmente, dos laços com o povo venezuelano para conseguir viver e produzir. Desde energia até o consumo de calcário. Fora os mais de 250 mil brasileiros que viviam de exploração mineral na Venezuela.
“Quando começaram as sanções americanas à Venezuela, nós caímos de US$ 350 milhões (R$ 1,95 bi) para US$ 238 milhões (R$ 1,3 bi), de 2018 a 2019. Eu não fui falar com o Maduro, eu fui falar com o chefe de Estado de lá; poderia ser o Guaidó, o Maduro, a Antônia, a Josefa. Quem estivesse lá! Eu tinha que resolver! Por quê? 96% do comércio de Pacaraima estavam fechados! Era um caos absoluto no município de Pacaraima! E Pacaraima nasceu nestas mãos. O primeiro prefeito de lá foi o meu sobrinho, por dois mandatos, com mais de 60%. Então, estrangulou! A nossa exportação toda estrangulou! Então, em Roraima, que não tem indústria, que vive no contracheque, com essa avalanche de pessoas que chegaram ali, o que aconteceu? Em Roraima havia um caos absoluto! Uma loucura! O calcário, ministro, que hoje nós estamos plantando, que aumentou a nossa exportação, vem da Venezuela. O senhor sabe qual é o preço do calcário? Vou lhe mostrar. Olhe só o preço do calcário: a tonelada custa R$ 70; no Brasil, custa R$ 300. Então, se a gente for pegar o calcário daqui para plantar soja, ninguém tem mercado”, ilustrou.
“Não podemos brigar com um país que está comprando de nós. Eu não sou a favor de Maduro, de Pedro, de José; eu sou a favor de um país que está comprando da gente, que está salvando a gente. Deixe a Venezuela para lá brigar; o que eu não quero é a gente estar brigando pela Venezuela e o nosso povo desempregado, morrendo de fome, o estado não tendo as coisas. Isso que eu acho que não é a política prioritária da gente. Então, o nosso objetivo de ter chamado isso foi nesse sentido. Sr. ministro, eu estou fazendo isso, porque não há um plano ‘b’ para Roraima, só há o plano ‘a’. Eu nasci ali”, completou o senador roraimense.
Telmário Mota entrega bandeira do Brasil a Ernesto Araújo
Resposta do ministro
Em resposta, Ernesto Araújo afirmou que a diplomacia brasileira não é mais a mesma dos anos anteriores que tinha “vergonha do Brasil” e que trabalhava apenas para ser “louvado e elogiado nos corredores dos organismos internacionais”. Isso, segundo ele, acabou. De agora em diante a política internacional do Brasil vai trabalhar e atuar para alcançar uma “Venezuela democrática que nós sonhamos”.
Araújo comentou, ainda, que o governo federal vem trabalhando para permitir uma nova realidade econômica a população de Roraima, para que os roraimenses não dependam mais de quase tudo do país vizinho. “Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para, inclusive, criar alternativas no caso específico da Guiana, para, digamos, substituir” essa dependência que o estado tem para com a Venezuela.
“Acho que, no longo prazo, será um futuro que pode ser brilhante para o Estado de Roraima. Com a democratização da Venezuela e daquela região e com a Guiana crescendo, aquilo vai virar, aí sim, um eldorado. Há problemas com os quais a gente concorda, o senhor sabe, inteiramente com o senhor. [Temos] o problema da titulação de terras e o problema da mineração em terras indígenas. Nós queremos abrir isso de acordo com a Constituição, legalmente, de maneira sustentável. São políticas do presidente Bolsonaro que coincidem, creio que inteiramente com os interesses da população de Roraima”, falou o chanceler.
(por Humberto Azevedo, especial para a Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)