BRASIL X EUA: Questionado sobre como será a posição do Brasil, caso Trump não seja reeleito, Ernesto Araújo não responde a pergunta levantada por Mara Gabrilli
O ministro defendeu apenas o posicionamento adotado pelo governo brasileiro contra o regime em vigor na Venezuela; ele negou que vinda do secretário dos EUA, Pompeo, na fronteira com o país vizinho ocorreu para interferir nas eleições norte-americana
( Publicada originalmente às 12h 00 do dia 24/09/2020)
(Brasília-DF, 25/09/2.020) O ministro das Relações Exteriores do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), Ernesto Araújo, nesta quinta-feira, 24, não respondeu o questionamento feito pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) que queria saber como será a postura do governo brasileiro, caso o atual presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, não seja reeleito nas eleições gerais daquele país no próximo mês de novembro.
Convidado a comparecer na comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, ministro defendeu apenas o posicionamento adotado pelo governo brasileiro contra o regime político em vigor na vizinha Venezuela. Ele negou que a vinda do secretário de Estado do governo norte-americano, Mike Pompeo, na fronteira entre Brasil e Venezuela ocorreu para favorecer eleitoralmente o presidente Trump contra a candidatura de John Biden.
“Um parêntese aqui. Foi dito, e talvez seja uma das críticas principais à visita do secretário Mike Pompeo, que ela foi uma plataforma eleitoral para as eleições de novembro nos Estados Unidos. Bem, não é assim. Um dos elementos que mostram que não é assim é o seguinte: existe nos Estados Unidos uma grande convergência entre republicanos e democratas sobre a situação na Venezuela. [...] Em relação à própria Venezuela, eu acho que o que ameaça a paz que existe é um regime como o regime de Maduro, que alberga terrorismo, que loteou [aquele] país entre facções criminosas, que ameaça a segurança e a paz de todo o continente, inclusive em coligação, às vezes, com forças em outros países, como a gente tem mencionado. Então, acho que a gente não pode usar a ideia da paz e da atitude pacificadora como um elemento para ignorar a realidade”, falou Araújo.
Senadora Mara Gabrilli participou da sessão por meio remoto
“Diplomacia não é covardia, há gente que acha que é, embora rime, não é, é uma coisa completamente diferente. Temos que trabalhar com coragem. Ás vezes a gente se choca com interesses muito claros, como no caso da Venezuela e da América do Sul, onde há interesses políticos e econômicos por trás dessa coligação da ditadura Maduro com outros regimes políticos, com outras correntes políticas, com o narcotráfico, com o crime organizado. Essa é a verdadeira ameaça à paz. [...] Também é um equívoco muito grande achar que o Brasil está no mundo para intermediar situações entre outros países ou entre outras forças. Não, nós temos nossos interesses, as nossas posições e nos articulamos com diferentes países para promover esses interesses e esses princípios, que são os princípios que estão na Constituição”, complementou o chanceler brasileiro ao responder o questionamento da tucana paulista sobre a mudança da tradição pacificadora do Itamaraty protagonizada pelo governo Bolsonaro.
(por Humberto Azevedo, especial para a Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)