O Nordeste pena com as dificuldades da Petrobrás
A transposição ainda se arrasta, algum dia irá ser finalizada, mas o que se vê neste momento na Petrobras não nos dá nenhuma garantia de que as refinarias prometidas para o Ceará e Maranhão possam um dia sair do papel.
(Brasília-DF) A crise na Petrobrás parece não ter fim. A maior empresa brasileira, referência do início da mudança de posição do Governo Federal para com o Nordeste, nos anos de ouro da Era Lula - se apresenta como uma usina de problemas. A crise da petroleira parece atingir mais o Nordeste que o próprio Brasil.
É bom lembrarmos que a Petrobrás, a partir de 2005 com o então Presidente Lula, passou a ser, um motor para projeções dos “dedazos” do desenvolvimento. Ele inventou com o falecido presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morto em 2013, um acordo para montar a Refinaria Abreu Lima na região metropolitana de Recife. Todos no Nordeste sabem que uma ou duas refinarias( foram apresentados três empreendimentos) e um projeto que garanta segurança hídrica para a região seriam suficientes para mudar, para todo o sempre, o perfil econômico e social desse povo que habita acima do pararelo 20º.
A transposição ainda se arrasta, algum dia irá ser finalizada, mas o que se vê neste momento na Petrobras não nos dá nenhuma garantia de que as refinarias prometidas para o Ceará e Maranhão possam um dia sair do papel. O que se vê com a Refinaria Abreu Lima projeta o pior dos mundos para os outros empreendimentos da petroleira no Nordeste. A queda do preço do petróleo no mundo, a partir da exploração de gás, parece deixar a exploração do petróleo na camada do Pré-sal na conta do pouco crível pois, neste momento, aparentemente antieconômica.
Neste momento em que fica evidente que a plutocracia nacional, aliada aos novos donos do poder, ao se apropriarem do Estado - colocam fogo na estratagema de desenvolvimento que ,mesmo mal engendrada, foi apresentada ao país em meados da década passada, surge uma encruzilhada para a sociedade nordestina que fez uma opção clara pelo atual projeto de poder.
A população em geral está satisfeita com os que estão aí, ficou solar com a maioria de mais de 12 milhões de votos que os nordestinos deram ao projeto de reeleição da Presidenta Dilma. Os que pensam estrategicamente a região estão lamentando muito o que virá, pois o quadro não nos acalenta. Não existe um planejamento estratégico para a região. O que foi apresentado aos nordestinos, antes(refinarias e transposição), parece, no futuro, uma farsa? Só parece. O efetivo funcionamento da Refinaria Abreu Lima, no iminente 2015, e a inauguração da Transposição, com os eixos norte e leste, no final de 2016, poderão, sim, dar nova cara ao Nordeste. Tudo a um custo altíssimo que a poupança nacional, que não existe, não deveria pagar. O Brasil tem fama de fazer tudo errado e no final dar certo, mas isso era noutro tempo, pois somos uma potência emergente, uma das vinte maiores economias do planeta.
O governador eleito do Maranhão, Flávio Dino, não vem colocando como prioridade que a refinaria do Bacanga saia do mero anunciado. O governador eleito do Ceará, Camilo Santana, em seu primeiro encontro com Dilma, pediu a refinaria do Pecém. Entre o recato e a ousadia onde ficamos?
A Petrobras, apesar de tudo o que vemos, é um grande negócio. O que a sociedade não aceita é que seja um bom negócio só para alguns.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista