Não dá para ser pela metade
Existe uma sentimento no mundo político e econômico que se a Presidenta Dilma apresentar uma boa equipe tanto para a economia como para o comando da Petrobras ela terá uma boa receptividade para o seu segundo mandado
(Brasília-DF) Passados 9 dias das prisões da sétima fase da Operação Lava-Jato, que colocou na cadeia milionários, bilionários - quase todos continuam presos. Outros mais se entregaram à Justiça, prisões foram prorrogadas.
A Presidenta Dilma Rousseff voltou da Austrália por conta da reunião do G20 e ainda não apresentou, oficialmente, sua nova equipe econômica. Tudo indica que serão confirmados os nomes que vazaram na sexta-feira, 21. Existe uma sentimento no mundo político e econômico que se a Presidenta Dilma apresentar uma boa equipe tanto para a economia como para o comando da Petrobras ela terá uma boa receptividade para o seu segundo mandado, mesmo com o pandemônio que tem sido a Lava-Jato para o Governo.
Os petistas adoraram o artigo do empresário Ricardo Semler, da Semco Partners, que disse que “nunca se roubou tão pouco na Petrobras” alegando que no passado, anos de tucanos e de outros, sempre se roubou muito mais na estatal, porém isso é história e a realidade é a que conta. Os petistas também ficaram indignados com os possíveis nomes da equipe econômica, especialmente com ortodoxo Joaquim Levy para a Fazenda. A onda conservadora de indicações para o segundo mandato de Dilma Rousseff estaria mais evidente nas confirmações dos nomes da senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura(CNA), Kátia Abreu(To), e do senador e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto(PTB-PE), a primeiro para o Ministério da Agricultura e o segundo para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Evidente que a confirmação das indicações tira as luzes sobre a Operação Lava-Jato e as projetam para o diálogo do Palácio do Planalto com segmentos fortes que não votaram no projeto de reeleição. Existe um receio real que os crimes cometidos por agentes da 9 maiores empreiteiras do país possam paralisar grandes obras e empreendimentos nacionais num momento em que o país luta(?) para voltar a crescer. Além disso, Dilma mira o jogo político no Congresso Nacional, cada vez mais complicado para seus interesses e do próprio Partido dos Trabalhadores.
Muito se esperava que um nordestino seria uma das primeiras novidades na equipe do segundo mandato, o governador da Bahia, Jaques Wagner, porém deve ser de Pernambuco que virá a primeira novidade. Monteiro Neto, confirmado, como deverá sê-lo - funciona como foi Luiz Fernando Furlan, então vice presidente da Fiesp e comandante da Sadia, para o primeiro mandato do Presidente Lula. Monteiro e todos os outros, se confirmados, são adventos de credibilidade que tanto precisa Dilma como precisava Lula em 2003. O jogo da chamada política real não é ideológico mas pragmático.
Uma palavrinha final sobre Monteiro, o improvável primeiro nordestino nomeado para o futuro governo: ele chega com a missão de montar uma Política Industrial clara. Isto tem relação direta o fim da guerra fiscal. Não adianta ele mirar em inovação, a grande chave do setor no planeta, se não focar no velho binômio câmbio-fiscal. Além disso, se ele não ajudar mudar a cara do BNDES, apesar do banco ser atribuição da equipe econômica, não terá o que comemorar e corre o risco de ser desmoralizado pelos seus.
Dilma quer mudanças na economia, mas até agora nada de mudanças na Petrobras. Não dá para querer ir adiante mexendo pela metade. Os problemas continuarão. Não dá para pensar o contrário.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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