31 de julho de 2025
OPINIÃO

Consórcio de Medíocres

Evito, ao máximo, por fazer coordenação de edição de polemizar nas mídias sociais. Jornalista que atua em veículo formal não deve desperdiçar opiniões sobre tudo, ao léu.

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(Brasília-DF)  Passadas duas semanas do final do segundo turno das eleições nacionais, rapidamente cruzamos, especialmente o chamado círculo do poder, com vários momentos.

 

O persistente incêndio nas mídias sociais, críticas aos nordestinos, divisão do país, pedido de auditoria nas urnas, tarifaço( energia, gasolina e juros), descanso de Dilma+retorno de Aécio Neves, especulações sobre o novo Ministério, redução da inflação+pleno emprego, derrotas do Governo no Congresso e largada da sucessão na Câmara Federal.    

 

Evito, ao máximo, por fazer coordenação de edição de polemizar nas mídias sociais. Jornalista que atua em veículo formal não deve desperdiçar opiniões sobre tudo, ao léu. Em tese, dar opinião sobre tudo não é jornalismo e panfletarismo, coisa do início do jornalismo, porém discuti, recentemente, com um amigo jornalista numa rede social sobre o males nacionais. Teve um momento que tratamos de um dos eventos que vai continuar dominando a cena até início de fevereiro: a escolha do novo comando das Casas Legislativas.

 

O colega jornalista empolgado com alguns temas que explodiram durante as eleições argumentou sobre os males que o país teria que tourear com a possível eleição do senhor  Eduardo Cunha(PMDB-RJ) para o comando da Câmara Federal a partir de 2 de fevereiro de 2015 e o que isso poderia ajudar a deixar o legislativo ainda pior aos olhos da população brasileira.  Em verdade, a eleição deste senhor, previsível, hoje, se deve ao fruto do ovo da serpente que foi cochado durante quatro anos pelos que alugam o quarto andar do Palácio do Planalto.

 

Eduardo Cunha será o primeiro fluminense a comandar a Câmara Federal após o fim da ditadura. Ele é o primeiro que surgiu fazendo política no Estado do Rio de Janeiro, depois de Carlos Lacerda, que terá efetivo protagonismo nacional. Ele consegue ser um craque nas questões regimentais, faceta da burocracia legislativa que lhe dá dimensão, assim como é um perfeito ator da chamada micropolítica. Micropolítica, lembrando alguns, nada mais é que a política dos pequenos temas, alijados da grande pauta nacional, que domina a vida do poder.

 

Durante os últimos 12 anos, especialmente nos últimos 5, vimos se consolidar as lideranças políticas menores porém com protagonismo. Raramente se vê no Congresso Nacional, na Câmara, notadamente, pois tem um número maior de parlamentares, grandes tribunos defendendo grandes temas. A maioria dos presidentes de partidos que deram sustentação ao projeto de reeleição da Presidenta Dilma ou não têm mandato ou são da turma que detesta ou não sabe fazer um discurso. Não defendem grandes temas, não enfrentam avenidas largas cheia de gente, preferem as veredas escuras, os caminhos tortos.

 

Não podemos negar a essa gente o seu valor. Estão onde estão pois o Poder dos dias atuais gosta disso. Medíocres poderosos.

 

Este poder medíocre que está aí é fruto de um consórcio de medíocres.

 

Eduardo Cunha pode não chegar onde deseja, mas sua ascensão será efetivamente um marco, gostem ou não disso.

 

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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