Nem tudo que parece é
A elite política no Congresso Nacional é formada por nordestinos. A maioria dos líderes partidários, dos presidentes e vice-presidentes de Comissão também são nordestinos.
(Brasília-DF) Qual o papel das lideranças nordestinas eleitas e reeleitas nessa brigalhada em que começa(ou recomeça) o Governo Dilma?
A maioria dos eleitos, sonora, dos governadores nordestinos são de partidos que fazem o consórcio PT-PMDB. Três são filiados ao PT( Bahia, Ceará e Piauí) e dois deles são filiados ao PMDB(AL e SE). Essa maioria se alastra com os governos do PC do B(Maranhão –inédito!) e PSD( Rio Grande do Norte). O PSB tem mais um governista(Paraíba). O único estado que tem um governador oposicionista será em Pernambuco, não por acaso o Estado de Eduardo Campos, e que vem a ser o mais politizado da região. A maioria dos 151 deputados federais nordestinos e dos 27 senadores apoiam este segundo Governo Dilma. São filiados a partidos da base((?)
A elite política no Congresso Nacional é formada por nordestinos. A maioria dos líderes partidários, dos presidentes e vice-presidentes de Comissão também são nordestinos.
Em face disto se pergunta: por que, com esse exército de gente preparada para fazer tanto a macro como a micro política, existe uma sensação clara, entre os que entendem os signos do poder na Capital Federal - de que o segundo Governo Dilma, que já está prestes a começar, irá viver momentos difíceis, para alguns apavorantes?
Os profissionais da política, para o bem e para o mal, estão organizados para o embate, enquanto o Palácio do Planalto teima em não querer lidar com essa faceta do jogo democrático. Tanto é democrático respeitar o resultado das urnas, e os renovados poderosos exigem disso, como é respeitar as regras da democracia representativa. O Palácio do Planalto parece não querer entender disso.
No caso do PMDB, o profissionalíssimo deputado Eduardo Cunha(PMDB-RJ), que foi reconduzido a liderança do partido na Câmara até fevereiro, quando haverá a eleição da Mesa Diretora da Casa - é de um estado, o Rio de Janeiro, que desde os anos 60 não tinha um protagonista desta dimensão no parlamento. Ele, desde quando assumiu a liderança, no início do ano, fez algo que não se via a tempos no segundo maior partido do consórcio governista. De forma orgânica, dividiu tarefas, criou 10 vice-lideranças todas com papel e missão. Pela seleção natural, cinco das principais vice-lideranças são ocupadas por nordestinos – só um deles não se reelegeu. A agência Política Real apurou que Eduardo Cunha, além de tudo, ajudou a reeleger alguns desses e outros nordestinos, captando financiamento de campanha.
No Senado, os senadores eleitos e reeleitos, apesar do Governo não ter muito o que reclamar – entre os nordestinos – ou são inexperientes na vida parlamentar, estão sob pressão por conta de investigações ou são preparados para fazer o jogo da Oposição. Entre eleitos existe gente que faz parte da elite política nacional.
Os nordestinos terão papel decisivo nessa arrumação toda. Ninguém duvida que o resultado das investigações da Operação Lava Jato e das delações premiadas irão trazer abalos para elite parlamentar nordestina. Não daria para fazer tudo o que se fez de errado na Petrobras sem a presença, e aval, de lideranças proeminentes ou periféricas do Nordeste.
O já começou a ser jogado!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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