O Nordeste pode ajudar a reunificar o país
Talvez, no Nordeste, tenhamos mais condições de construir, com maior rapidez, algum tipo de reconstrução dos valores nacionais de conhecida pactuação, arrumação.
(Brasília-DF) Terminada a eleição, seja qual for o vencedor, ao contrário do que teria dito nesse domingo,26 de outubro, o sempre equilibrado Michel Temer, vice presidente da República e presidente nacional do PMDB, o Brasil não voltará a se unir como se nada tivesse acontecido.
Talvez, no Nordeste, tenhamos mais condições de construir, com maior rapidez, algum tipo de reconstrução dos valores nacionais de conhecida pactuação, arrumação. Seja vencendo Dilma ou Aécio existem condições do Estado e da sociedade encontrarem pontos de acordo. O Estado no Nordeste é mais forte e necessário. Os que são favoráveis ou contrários ao atual status tendem, naturalmente, a procurarem algum tipo de conversação.
A maioria das capitais e grandes cidades nordestinas estão sob comando de partidos da oposição ao governo atual, porém existe um grande número de cidades comandadas por apoiadores do governo federal. Face a intenso endividamento, tanto das cidades como dos Estados, a interlocução precisa ser mantida. A sonora maioria dos comandos dos nove governos estaduais no Nordeste será do consórcio PMDB-PT. No PMDB, existe um grupo forte que apoiava o candidato da oposição. Este grupo tem credenciais para inaugurar uma articulação consistente, se assim se fizer necessário Esta forte dependência do Governo Federal e as rusgas nacionais do processo eleitoral exigem do futuro governo mais prudência do que faca cega trincada entre os dentes.
O vencedor e o perdedor terá que olhar o Nordeste, inexoravelmente, com outros olhos. Não mais como butim de votos, não mais como território difícil de lidar. Os tucanos precisam se reencontrar com os movimentos sociais, especialmente os que envolvem o futuro do semiárido, não só os de cunho urbano. Os tucanos perderam, ao longo dos anos, essa interlocução. Eles precisam se reencontrarem com suas origens sociais democratas visto que agora dependem menos da força política dos conservadores que lhes tutelaram noutros momentos. No caso do PT, ganhando ou perdendo o desafio não deixa de existir.
O Nordeste tende a continuar crescendo acima da média nacional, ao longo dos próximos anos, e não dá mais para insistir que os programas sociais bastam por si só, pois a nova classe média nordestina avança em proporções maiores que noutras regiões do Brasil e essa população carece de serviços próprios à nova condição. A crítica ao papel do BNDES como sendo uma instituição que fortalece alguns poucos será retomada num momento em que o país se apresenta dividido.
Um segundo governo Dilma ou um novo governo precisa ter um articulador político, especialmente, com conhecimento de causa no Nordeste.
Isto será um grande desafio pois Dilma, no primeiro governo, esteve cercada de gente que não conhecia o Nordeste, enquanto os tucanos estão desfalcados na região onde nasceu o Brasil.
Se a briga continuará forte abaixo do paralelo 20º, o Nordeste, mais uma vez, com suas peculiar características e seu povo poderão ajudar a unir o Brasil. Os desafios estão só começando, desafios 2.0.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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