Onde estão os conservadores?!
O PSDB de hoje, caso chegue ao poder, apesar da presença dos Democratas, agora extremamente enfraquecido e sem condições de canibalizar outros partidos, como no passado
(Brasília-DF) Faz algum tempo, disse por aqui e acolá, que os três principais candidatos à Presidência, seja ela qual vencesse - os conservadores sairiam perdendo.
Nesse domingo, 12 de outubro, com a declaração da ex-senadora Marina Silva, que foi alijada do segundo turno da disputa presidencial, seguido ao apoio que o PSB e a Família Campos deram ao candidato Aécio Neves(PSDB), assim como a divulgação de compromissos com os movimentos sociais, pode-se dizer tudo dessa gente que busca chegar ao poder menos que seja uma aliança conservadora.
O PSDB quando esteve no governo,tendo nascido com uma proposta social democrata europeia foi aprisionado por dois fatos marcantes dos anos 90, como o neoliberalismo e o Consenso de Washington, porém no Brasil o que chamou atenção, mesmo, foi a forma como Fernando Henrique Cardoso se deixou dominar pelo mais importante partido conservador de então, o PFL que hoje se chama Democratas.
O PSDB de hoje, caso chegue ao poder, apesar da presença dos Democratas, agora extremamente enfraquecido e sem condições de canibalizar outros partidos, como no passado - tem compromissos muito claro com partidos e grupamentos sociais democratas. O jogo é outro.
Os conservadores estão ávidos para terem suas propostas colocadas na ribalta da vida pública brasileira. Não deverão ter êxito. Os partidos de centro, caso o PSDB chegue ao poder, como de hábito, deverão naturalmente ser chamados ao consórcio, especialmente o mais importante deles, o PMDB. A dimensão brasileira não permite propostas de poder com compromisso solene com a concentração de renda, redução de oportunidades aos menos favorecidos socialmente, redução de impostos sem compromissos federativos, desatenção e descompromisso com minorias como as mulheres, afrodescendentes, LGBT, entre outros.
Este quadro em que o PSDB conseguiu se posicionar surge, oportunamente, como um bálsamo aos conservadores que estribados no antipetismo querem alijar Dilma e seus correligionários do poder, no entanto a maioria do que foi posto pelo lulopetismo não poderá ser enterrado com direito a pá de cal. A história e sua conquistas não se enterram, facilmente em tempos de paz.
A missão assumida por vários setores do petismo não pôde enterrar o melhor dos anos tucanos no poder federal. Os tucanos que não são tão competentes como os petistas para o mesmo mister, caso vitoriosos, também não conseguirão, especialmente, face a presença de sociais democratas que participaram dos melhores anos de Lula num futuro novo poder.
A campanha agora ganha outros ares. A candidata que busca a reeleição, Dilma Rousseff, insistirá na desconstrução, no lugar da mensagem sobre conseguir apresentar algo novo. Dilma enfrenta, pela primeira vez, e com consistência, o dilema de mostrar que o lhe busca substituir, de fato, é uma incógnita.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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