A lucidez é triste
Os próximos dias serão longos para uns e rápidos para outros. Teremos dois debates presidenciais, em redes de TV, que podem ser decisivos numa disputa tão ferrenha.
(Brasília-DF) Faltam sete dias para as eleições presidências de primeiro turno. Tudo indica que teremos duas rodadas nessas eleições para escolher o próximo presidente da República. Certamente, será a mais disputada de toda a história brasileira.
Gostem ou não petistas e tucanos, a chegada de Marina Silva a esta fase da disputa com a musculatura que tem mesmo cometendo erros políticos ou não, tendo de enfrentar uma campanha de desconstrução que foi do dedo no olho ao toque nas partes baixas aliada a nítida desconexão entre os articuladores do PSB e da Rede Sustentabilidade, que nunca enfrentaram uma disputa deste nível - tem uma grande importância para este país.
Marina Silva é uma mulher mestiça, vinda dos rincões do Brasil, aparentemente frágil com uma história que o brasileiro comum adora ouvir, com DNA nordestino, enfim, como se diz no senso comum: não era para estar aí. Mas está! Tudo indica que não haverá tempo para que petistas e tucanos a tirem do centro da sala.
Dilma Rousseff, a líder nas pesquisas e favorita a continuar onde está, representa a racionalidade dos que temem que o que está por vir não lhes dê certeza para apostar. É como se Dilma falasse para o estômago, a barriga.
Marina Silva, a segunda colocada e que não era para estar aí, representa o sonho do que pode vir, ela tem o frescor e o advento a lhe soprar. É como se falasse para a alma, para o coração.
Aécio Neves, o terceiro colocado que não era para estar onde está, deveria se sinônimo de racionalidade, deveria representar a alma. Ele diz que está apto para a boa travessia, ele é neto de Tancredo que completa 30 anos, em breve, como o homem da Nova República. Aécio Neves não vem conseguindo falar nem ao estômago e nem a alma.
Os próximos dias serão longos para uns e rápidos para outros. Teremos dois debates presidenciais, em redes de TV, que podem ser decisivos numa disputa tão ferrenha.
Talvez Marina, de fato, esteja onde não deveria, no entanto surge robusto face as mudanças que o mundo vive a importância de gente como a ex-seringueira para nosso mundo político. O fim da polarização entre o vermelho e o azul é complicado para aqueles que adoram a tranquilidade do óbvio.
As dificuldades que Marina Silva vive, neste momento da campanha, são vistas pelos defensores do óbvio de que a sociedade caminha, em retorno, para a lucidez.
Uma vez conversando com o mais importante líder evangélico, no Congresso Nacional, perguntei, para assombro do mesmo, sobre o que seria mais factível na visão dele: é mais fácil um “crente” ou um negro ser eleito presidente da República? Ele me olhou, assustado, e disse: “Um negro”.
Bem, descobri nesses dias uma explicação para lucidez!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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