31 de julho de 2025
OPINIÃO

As fases da eleição brasileira

Isso se viu em 1954, 1984, 1989, 2010 e agora em 2014 – quase sempre pela tragédia ou pelo moralismo.

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(Brasília-DF)  Com uma campanha oficial tão curta e uma campanha pré-eleitoral tão longa, como se vê no Brasil, seria um exagero contarmos que a pauta política, em essência, pudesse se manter constantemente em destaque.

 

Vamos sempre viver momentos em que algo que vai além dos temas políticos, acaba “contaminando” o processo. Em verdade, pautas éticas ou valorativas, ou atavismos e tragédias não podem ser desprezadas, simplesmente, como se não tivessem perspectivas políticas.  Isso se viu em 1954, 1984, 1989, 2010 e agora em 2014 – quase sempre pela tragédia ou pelo moralismo.

 

Nesta eleição de 2014, surpreendentemente, temos tido um pouco de tudo, até sobre uma boa discussão política, como deve ser. Modelos têm sido tratados, apesar da maioria dos candidatos de destaque terem origem no lulismo ou movidos por pautas de esquerda, como redução da desigualdade. Reforma do Estado ou segurança, algo que afeta os chamados democratas liberais, não vem se alastrando como gostariam apesar da insistência de alguns veículos e agitadores políticos.

 

Do dia 13 de agosto até este domingo, 7 de setembro, foram 25 dias impressionantes. Já podemos dizer que foram ou estão se moldando 3 fases da campanha eleitoral, em seu período efetivo e juridicamente definido. Nada indica que se findará assim.

 

Teve o período da tragédia, com a queda dos Cesna Citation. Isso foi até os dias 29 de agosto, quando da divulgação das pesquisas em que Marina Silva dava sinais de que poderia vencer a eleição no primeiro turno, atropelando - se mostrando mais que uma aposta.

 

Teve o período, o mais curto até agora, que veio com as pesquisas do dia 3 de setembro, que mostravam a recuperação da Presidenta Dilma e apontavam a consolidação do pior momento de Aécio Neves no processo eleitoral.

 

Agora, com as revelações que começaram no dia 5 e se confirmaram no sábado, 06 de setembro, face depoimentos vazados do senhor Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, preso em Curitiba(PR), por conta da “Operação Lava-Jato”, da Polícia Federal, neste momento caminhando para serem reconhecidos como delação premiada pela Justiça Federal – configura-se uma terceira fase da campanha nacional de 2014.    

 

É a chance que ganha a campanha de Aécio Neves, o único não-lulista de relevo nesta eleição, e que vinha vivendo um momento de desconfiguação. 

 

O governismo da campanha da Presidenta Dilma tende a perder o foco que estava se construindo nos últimos dias, por colocar dúvidas no eleitor sobre a consistência de apostar na mudança que se apresentava com Marina Silva. Agora, o governismo terá que se explicar. Os acusados no PMDB e no PP tendem a procurar se explicar, vão deixar de dar algum apoio a candidatura da Presidenta para sobreviverem em seus domicílios de origem – Rio de Janeiro, Maranhão, Alagoas, Rio Grande do Norte e Piauí. Não por acaso, regiões onde Dilma tinha e tem consistência eleitoral.

 

O PSB de Marina Silva também foi atingido, em menor dimensão, pois a a vida pública de Eduardo Campos se expõe mais ainda, sendo ele um dos que mais cobrava explicações sobre a situação da Petrobras assim como sobre os investimentos na Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco – surge como mero oportunismo, porém não deve ser visto como algo menor. Não se atinge Marina Silva e sua campanha, é fato.

 

O PSDB não conseguiu, ao longo das últimas eleições, transformar a pauta ética em algo suficiente para qualquer virada eleitoral. Aécio parece ter sua chance. Será o suficiente?

 

Por Genésio Araújo Jr, é jornalista

 

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