31 de julho de 2025
OPINIÃO

Marina terá que consultar Campos

Ninguém mais duvida que teremos uma segundo turno nas eleições nacionais. Marina Silva deverá voltar a ganhar corpo, é natural.

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(Brasília-DF)  A morte trágica de Eduardo Campos, desde já, marca todo o processo eleitoral nacional de 2014 de uma forma que ninguém pode calcular.

 

Já abordamos por aqui, noutros momentos, como a candidatura do moço de olhos iluminados de Pernambuco era um fato novo e importante para a política brasileira, porém a confirmação, agora, com a candidatura de Marina Silva passa - talvez por ela até não ter gerado muitas disputas para as escolhas do PSB, nas arrumações nordestinas feitas por Campos – a ter uma implicação que vai além do jogo de poder que ela poderia representar, inicialmente.

 

Quem mais tem a perder com este cenário é a Presidenta Dilma. Apesar, de pronto, o primeiro a sofrer com a candidatura de Marina Silva seja o presidenciável tucano Aécio Neves.

 

Ninguém mais duvida que teremos uma segundo turno nas eleições nacionais. Marina Silva deverá voltar a ganhar corpo, é natural, tanto pela tragédia e pelo que isso pode surgir no horário eleitoral gratuito. Marina Silva competitiva pois agora tem um partido com muito mais dinâmico que o  insípido Partido Verde, de 2010, poderá desalojar Aécio Neves do esperado segundo turno que terá a Presidenta Dilma com lugar certo.

 

Marina Silva no segundo turno, sem rusgas nos arranjos feitos por Campos, tem tudo para tirar de Dilma o que seria certo se Campos, vivo e fora do segundo turno, como parecia apontar as primeiras pesquisas antecedentes ao início do horário eleitoral – ainda estivesses no jogo.

 

O PSB está em disputas, em alguns estados do Nordeste, com estreita parceria com o PT, como é o caso da Paraíba e Sergipe. Na Bahia, os dois não estão juntos mas a histórica solidariedade contra o carlismo, que está ligado aos tucanos de Aécio Neves, naturalmente os uniria num provável segunda volta.  Nos dois primeiros estados, Marina estando no segundo turno, fará com que os socialistas próximos do PT tenham que votar contra Dilma, inexoravelmente, sem contar com o fato de que os tucanos, ansiosos pela necessidade de ver a roda girar, iriam votar maciçamente em Marina.

 

O jogo parece se voltar para 2010, mas sob condições específicas. Existem dúvidas como Marina irá se comportar no jogo político da região. A imagem dela ao lado do ,agora mito, Eduardo Campos tem potencial para fazer com que sua candidatura cresça tanto em grandes como em médias cidades na região.  Isso não se viu em 2010.  Marina que também teve boa votação no Sul do país, aumenta seu potencial. A agora inevitável associação com Campos não deverá gerar grandes efeitos no Norte ou no Centro-Oeste por suas ainda mal explicadas ideias sobre sustentabilidade, vista com preconceito nessas duas regiões.  

 

Parece claro os efeitos dessa candidatura no Nordeste, como foi antes colocado, agora. O desafio não parece ser mais o discurso para avançar no primeiro turno, mas o afunilar da campanha obriga uma clareza sobre o potencial de governabilidade. Os nordestinos são craques nessa orquestração, como também são os mineiros. Se Marina parece, então, tão viável para os que imaginam que a mudança de guarda no Palácio do Planalto surge possível, evidente, também, é que ela deverá recorrer ao pragmatismo para gerar pontes.

 

Campos tinha a grande competência para isso. Marina vai ter que beber nessa fonte, também! Ela terá que consultar Eduardo Campos, sempre!

 

Por Genésio Araújo Jr.

 

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