31 de julho de 2025
OPINIÃO

Estamos a caminho de estelionato!?

Nenhum dos candidatos se anuncia contra a política de reajuste do salário mínimo e defendem a transformação do bolsa família numa conquista institucional, transformando-o em política pública ou avançando no chamado aumento do cadastro.

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(Brasília-DF)  Na semana passada escrevi, por aqui e disse acolá,  que a turma mais reacionária sairia perdendo de qualquer jeito. Os três principais candidatos à Presidência da República têm origem na social democracia.

 

Até Aécio Neves, que paquera com a redução da maioridade penal, uma das bandeiras dos conservadores(é verdade que precisamos de ajustes!) e tem o pessedismo do avô nas veias, tem seus limites, apesar de alguns dizerem do compromisso dele com a Casa Grande mais que com a Senzala.

 

Nenhum dos candidatos se anuncia contra a política de reajuste do salário mínimo e defendem a transformação do bolsa família numa conquista institucional, transformando-o em política pública ou avançando no chamado aumento do cadastro. É verdade que o PSDB foi drenado em sua relação com o sindicalismo e os movimentos sociais mais profundos.  Aécio teve que pedir emprestado a Força Sindical, atrelada ao partido Solidariedade de Paulinho da Força, sua interlocução com o sindicalismo.  O PSB, de Eduardo Campos, tem  uma relação bem mais rica com os movimentos sociais e com a Universidade, e todos os estratos sociais mas dinâmicos e organizados, apesar de ser um partido menor que o PSDB.

 

Bem, até aí tudo bem, mas existe cada vez mais claro entre os cientistas políticos e economistas que teremos que fazer ajustes profundos em 2015, seja que governo for. A sociedade ao dizer que quer mudanças não dá folga aos políticos.

 

Os conservadores dizem que o caminho passa por uma ajuste fiscal e, para tal, sacrifícios devem ser feitos, inclusive na lógica da indexação pública e no aumento da produtividade.  Os mais progressistas acreditam que a liberação no modelo excessivamente controlador no desenvolvimentismo de Estado montado pela Presidenta Dilma acrescido de mais racionalidade na máquina administrativa e aprofundamento nas políticas educacionais já seriam suficientes.

 

Quem quer que assuma o Governo Federal no ano que vem tende a nos aplicar algum tipo de estelionato eleitoral?  Seria leviano, no mínimo, dizer que sim.  Nossa sociedade já deu mostras que não tolera bem isso e aplica a paga em quem se atreve a fazê-lo. É possível não fazer algumas coisas, mas fazer o oposto já é demais!  Temos que ver que não dá para reduzir o tamanho dos programas sociais(com indexação) e compensar com ganhos de produtividade tento resultados adequados em pouco tempo.

 

Temos um desafio que vem desde o Plano Real, o fim da indexação, assim como temos um desafio para o sucesso do fortalecimento dos programas sociais, a porta de saída.  Esses são dois legados dos anos de tucanos e de petistas. O candidato Eduardo Campos está perdendo a batalha para lidar com essa mensagem, que a população como um todo, neste momento, pouco ou nada dá ouvidos.

 

Se o mundo só começará a se recuperar da crise mundial em 2016, destaco aí os ricos tradicionais, teríamos pouco tempo entre os BRICS. Seria pouco tempo?  Esta é uma resposta que tanto cientistas sociais como econômicos têm dificuldades em equacionar.  

       

Os conservadores costumam dizer que só eles são capazes de mudar profundamente a ponto de deixar tudo do jeito que está.  A ordem. Depois de tantos anos de governos sociais democratas parece ser uma tolice achar que só a direita está pronta para esta missão.

 

Começo a achar que o estelionato eleitoral poderá vir montado com a cara de ajustes históricos!

 

Eis o mistério da fé.

 

Por Genésio Araújo Jr, é jornalista

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