Os desafios de Eduardo Campos
A pergunta é: para onde vai Eduardo Campos? Ele tem muito para crescer, é desconhecido e daí!?
(Brasília-DF) Na última vez que fiz a escrevinhada semanal, destaquei que não era hora de achar que o mundo tinha se acabado para a Presidenta Dilma!
Salientava que Dilma e o PT tinham muito sangue nas veias para encarar Aécio Neves e Eduardo Campos.
Hoje, após a divulgação da última pesquisa Datafolha não me resta fazer outra avaliação. Teremos mais uma eleição polarizada entre o PT e o PSDB? Destaco isso, pois Dilma ficou novamente de frente com seus fantasmas e o tucano Aécio Neves cresceu 4 pontos percentuais, ajudado pelos outros seria quem disputaria, hoje, com a Presidenta num cada vez mais evidente disputa em dois turnos.
A pergunta é: para onde vai Eduardo Campos? Ele tem muito para crescer, é desconhecido e daí!? Ele não consegue tirar de Dilma no Nordeste, seu território, e não tem espaços em Rio-Sampa-Minas!
Marina Silva disse, recentemente, que a candidatura de Aécio Neves tem cara de derrota(sic). Já se percebe que Campos caminha para se afastar do aparente alinhamento que criou com Aécio Neves, especialmente nas eleições de Pernambuco e de Minas Gerais, assim como em São Paulo.
Eduardo quer se mostrar diferente de Aécio e ganhar as pessoas que não toleram Dilma mas gostam de Lula. Esse caminho não será fácil. Ele tem pouco tempo para isso. Até o início da Copa do Mundo ele teria que encontrar um gancho para avançar neste terreno. Por outro lado, o PT terá seu programa no próximo dia 15 de maio e deverá martelar em Aécio e os tucanos, aumentando ainda mais a polarização.
Neste final de semana, Aécio Neves foi em Alagoas e no Maranhão tentar ganhar algum terreno em território de Campos e Dilma. Os tucanos querem que o Nordeste não seja território de “eternas perdas” mas de “perdas menores”.
Campos tem que manter seu espaço no Nordeste e tentar mostrar que tem como crescer nas divergências alheias mas administrando as suas. Hoje, muitos questionam se a união com Marina Silva foi boa para ele – antes, solto, podia conversar com o Democratas e o PP do agronegócio, em Goiás e no Rio Grande do Sul. Marina o afastou dessa gente.
A onda de manifestações que de fato virão – porém, mais organizadas que em junho de 2013, naquela época deram grande aporte para Marina Silva – serão positivas para a turma da nova política?! Agora, elas podem dar aporte a chapa Campos-Marina? As grandes cidades são a grande saída para Campos-Marina, mas como isso pode e deve ser feito? A disputa PT-PSDB em São Paulo no lugar de atrapalhar pode ajudar Campos? Temas de fundo, radicais, e que mexem com a parte mais profunda da sociedade, deveriam ser encarados por Campos independe dos risco, agora, ou deveria ser deixadas para a campanha de rádio e TV?
Não precisa ser genial para estar convencido que quem mais tem perguntas para responder é a pré-campanha de Eduardo Campos.
A altura que devemos dar aos políticos de hoje, nada que mereça pedestal, vem me dando voz para dizer nada além sobre os pré-candidatos que Dilma é uma chata, Aécio um vazio e Campos um desconhecido. Não é cinismo, é o que nos sobra.
Para Campos, com tantos desafios colocados talvez o maior deles seja o desconhecimento. A política brasileira hoje está tão ruim e as campanhas são tão curtas que por vezes vezes é melhor ser conhecido com todos os seus defeitos do que ser desconhecido com todos as suas virtudes.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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