CPI da Petrobras e o Nordeste
Vou contar sobre um momento da história recente, da qual fizemos parte. Logo no início da primeira década do século 21 - em 2003, participei da retomada do grupo parlamentar Bancada do Nordeste, mais voltada à Câmara Federal.
(Brasília-DF) A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, e que poderá contar com a Câmara, que deverá ser anunciada, oficialmente, nesta semana, com a leitura de seu requerimento de criação em Plenário, promete ter grande repercussão no Nordeste. Como sempre, nós nordestinos, nossas ações e coisas - mexendo com o país. O Brasil nasceu acima do paralelo 20O e não deixa de ser impactado por essa região, mesmo sendo uma das mais pobres do país.
Vou contar sobre um momento da história recente, da qual fizemos parte. Logo no início da primeira década do século 21 - em 2003, participei da retomada do grupo parlamentar Bancada do Nordeste, mais voltada à Câmara Federal.
Quem tomou a iniciativa da retomada, sempre falando que era fundamental se voltar para temas que unissem os nordestinos, era o então deputado federal Roberto Pessoa(CE). Filiado ao Partido da Frente Liberal, depois migrando para o Partido Liberal, hoje Partido da República. Os temas que dividiam os nordestinos eram a refinaria do Nordeste e a Transposição do São Francisco.
Evitava-se tratar de refinaria, pois Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte tinham documentos de diversas consultorias e arranjos políticos que recomendavam serem os legítimos detentores do direito de tê-la. Em 2005, começou a se disseminar a informação de que Lula queria dar a Pernambuco a refinaria mas não encontrava solução política. No final daquele ano, foi anunciado por ele e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a refinaria nordestina que se chamaria Abreu Lima. Na época se disse que o Brasil teria 60% do empreendimento e a Venezuela ficaria com 40%.
Como Chávez “queria” uma refinaria, e ele anunciou isso primeiro às agências norte-americanas e europeias - faria com o Brasil, preferia Pernambuco pois era a terra de quem caminhou com Simon Bolivar, no início do século 19, pela libertação da América Espanhola. Bolivariano, colocar Abreu Lima nisso dava o mesmo DNA ao Brasil do amigo Lula. Os outros nordestinos, especialmente os cearenses e potiguares, se silenciaram em suas gritas pois a coisa não seria brasileira, somente. Foi passado a eles, logo em seguida, que outras refinarias viriam, pois aquela era para diesel e precisávamos de outras, para gasolina e óleo combustível.
Chávez chegou a cobrar do Brasil, na Argentina já em 2007, dois anos depois do anúncio, o início da obra em Pernambuco, que naquela época nem licença ambiental tinha.
Bem, passados 7 anos do início das obras e 9 de seu anúncio efetivo, a refinaria será investigada na CPI que se inicia esta semana. Com a confirmação, agora, de que a Venezuela nunca, em tempo algum, assinou nenhum termo através de sua PDVESA sobre o empreendimento, surge firme a convicção de que Chávez até quis uma refinaria, pois falava em levar delas para a China, mas a estratégia de levar para Pernambuco foi um grande arranjo político montado por Lula para resolver suas dificuldades com os brasileiros nordestinos. A fome com a vontade de comer. Tudo indica que Chávez deve ter saído, totalmente, do negócio no Brasil naquele ano de 2007.
Especula-se que o governador Eduardo Campos, muito próximo de Lula, sempre soube que Chávez e a Venezuela nunca iriam participar do negócio e que o presidente venezuelano fez biombo para Lula dar um presente a sua terra de nascimento. Sempre especulamos isso na Bancada do Nordeste. Passados todos esses anos, essa história pode voltar à tona, não se sabe como.
Bem, o Nordeste vai dominar. Não podemos esquecer que existe acordo para duas refinarias Premium(Maranhão e Ceará), uma mini refinaria(Rio Grande do Norte) e muita exploração de gás assim como as plataformas feitas na região pela contratação da Transpetro, subsidiária da Petrobras, controlada pelo cearense Sérgio Machado.
Fiquem atentos.
Foi Genésio Araújo Jr, é jornalista
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