31 de julho de 2025
OPINIÃO

Os rolezinhos e o Nordeste

O rolezinhos dos shoppings que estão assustando e fazendo os poderosos de todos os coloridos darem declarações muito parecidas, devem chegar ao Nordeste numa proporção ainda sem medida.

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( Brasília-DF) Voltamos.  Vamos ao que interessa.  Os rolezinhos. O sensacional evento cultural/comportamenta,  que está dominando o momento na ausência de grandes acontecimentos políticos, não irão escapar da politização, fiquem certos.

Os jovens de hoje não são os mesmos de 30 anos apesar do coração humano ser igual desde à época de Aristóteles, como já disse um dia Ernesto Sábato, o famoso escritor portenho. Tudo indica que os rolezinhos vão se somar, numa prévia a possíveis movimentos de rua por conta da Copa do Mundo.  O Governo faz de conta que não está preocupado, mas como tudo que é uma construção antropológica com implicação socioeconômica, mediata, faz com que os agentes públicos se assustem.

O rolezinhos dos shoppings que estão assustando e fazendo os poderosos de todos os coloridos darem declarações muito parecidas, devem chegar ao Nordeste numa proporção ainda sem medida.

Os shoppings foram uma forma de fazer as praças se reinserirem na dinâmica das cidades como eram no passado, com a garantia da segurança e de uma certa dose de saudável exclusão(?!) .  O merchandising da pobreza gerava um hedge e os muito pobres evitaram as novas praças de comércio.  Com o avanço da nova classe média, nos últimos 3 para 4 anos, já se imaginava que algo de inesperado viria por aí.  Acredita-se que isso é prova da falta de lazer nas comunidades, especialmente para os jovens, porém isso vai além da zoação, como dizem!

As tradicionais classes média e alta no Nordeste são mais excludentes que suas equivalentes nos centros que primeiro receberam esses eventos.  As diferenças no chamado índice Gini, no Nordeste, são mais acentuadas.  A delay entre pobres e ricos no Nordeste é abissal.  É natural que a politização tenha outra perspectiva acima do paralelo 20º.

O processo ainda é muito novo. Os antropólogos estão divididos em ver o fenômeno. Quando muita gente se reúne por motivos pagãos certamente vai aparecer alguém para colocar um pouco de fé nisso. Fé, paixão, clamor e dúvidas. Os eventos de junho, meio que se esprairaram, não voltaram a acontecer apesar de alguns pressões externas aos “líderes”(?)”  dos movimentos. Os rolezinhos por não terem conotação política imediata, porém sim mediata e empática, se assim se pode dizer, teriam condições de ser politizadas, imediatamente.

O Governo Dilma tem problema e deve ter receio com isso, porém acredito que mais que o partido do governo os partidos de oposição, especialmente o PSDB, que não se organizou juntos aos movimentos sociais - é que devem estar apavorados, pois eles, simplesmente, não sabem como fazer e o que fazer com isso.  Os movimentos mais conservadores, ligados a esses partidos, preferem a ordem acima de tudo.  Seus apoiadores temem o caos e o inesperado, essa é a cara da nova direita.  O PSB de Eduardo Campos e a Rede de Marina Silva podem ganhar com isso de uma forma que ainda não está clara, mas podem.

A disputa entre os dois oposicionistas, mais favorável a Campos, alguma inércia do Governo e o apressar dos  rolezinhos por todo o país pode fazer com que tenhamos algum combustível político antes do Carnaval.  Vamos ver!

Boa semana a todos!

Foi Genésio Araújo Jr

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