31 de julho de 2025
OPINIÃO

Dilma está na frente mas precisa se explicar

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos aqui e em vários sites e jornais do Nordeste

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(Brasília-DF) A semana econômica termina nada boa, pelo menos para quem acredita que o Brasil é o território da economia-política: aumento da gasolina, tendência de rebaixamento nas notas das ratings, prenúncio de PIB abaixo do esperado no terceiro trimestre, expectativas de vendas de natal menores, elevação no déficit das contas correntes. 

Apesar disso tudo, a mais nova pesquisa Datafolha aponta crescimento nas intenções de voto da presidenta Dilma que avançou de 41% para 47%.  Aécio tinha 21% e caiu para 19% - Eduardo Campos desceu de 15% para 11%. Existem outras simulações e quando o ex-presidente Lula entra em cena as eleições se finalizariam em primeiro turno - ele ficando entre 53% e 56%. Chamou atenção uma simulação feita pela Datafolha colocando o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na disputa - ele ficaria em segundo lugar, à frente de Aécio Neves e de Eduardo Campos, mas perdendo para Dilma.

Se a ciranda é essa, estamos com outro quadro.  Em 2010, o candidato da oposição o tucano José Serra tinha uma larga maioria contra a desconhecida Dilma Rousseff. A economia bombava e ao final de 2010 o PIB foi de mais de 7%.  Em 2014, mesmo com avanços em setores, mas sem redução na arrecadação prevista com desonerações, não deveremos ter uma economia parecida com 2010.

Espera-se que, especialmente nos próximos dois meses, tenhamos uma melhora nos números voltados para as oposições. As notícias econômicas negativas começam a se consolidar, em meio a natural parada de fim de ano e um começo de ano com as contas a martelar nas portas e portinholas. O primeiro trimestre do ano é sempre difícil para os governos.

A insistência em mostrar a fortaleza do nome de Lula nas pesquisas Datafolha revela um verdadeiro hedge político ao partido do Governo. É sabido, em Brasília, que muita gente não avança com a certeza de que Dilma ruim teria a proteção da candidatura Lula ,que é vista até pelos adversários equilibrados como um problema de difícil solução.

As pesquisas, insisto, devem ser vistas como um retrato de um momento, porém neste caso em meio a tantas notícias contrárias ao PT, com setores importantes da mídia destacando as prisões de petistas históricos que levaram Lula ao poder.  A batalha nas mídias sociais tem sido intensa e o episódio José Genoíno virou uma novela mexicana.

Para nós do Nordeste a disputa não chegou. O único pré-candidato nordestino, Eduardo Campos, vive grandes dificuldades, nos últimos 50 dias, para se reposicionar com a chegada da companheira Marina Silva.  Sabe-se que o Palácio do Planalto deverá tentar, nos próximos meses, mostrar que a não concretização de grandes obras estruturantes para a região seria fruto da crise internacional e do jogo democrático que exige explicações à sociedade, coisa que não se fazia noutras épocas.

O PSB, de Campos, comandou o Ministério da Integração, nos Anos Dilma da obra da Transposição do São Francisco. Existem dúvidas como isso será tratado e como isso será inserido na luta política. Sabemos que nas mídias sociais existe uma terra sem lei, mas como será, oficialmente, ainda não se sabe.

A candidatura de Dilma é a do momento, porém até o dilmista mais empolgado sabe que será uma eleição de dois turnos.  Como lidar com um discurso estratégico que saiba esticar sem romper é um segredo de esfinge egípcia!

Eis o mistério da fé.

Por Genésio Araújo Jr, é jornalista

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