31 de julho de 2025
OPINIÃO

As besteiras tucanas e os acertos petistas não são suficientes

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos aqui e em vários sites e jornais do Nordeste

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(Brasília-DF)  Passada uma semana da prisão de parte dos condenados na ação penal 470, mais conhecida como processo do mensalão, não resta dúvida que ainda não temos certeza de que máxima brasileira de que o Céu-é-para-todos-mas-a-sombra-é-para-poucos foi para as calendas.  Tudo leva a crer que teremos que muito remar para isso mudar.

O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, fez questão de gerar um fato político importante fazendo as prisões da forma que fez num dia 15 de novembro, mas correu o sério risco de colocar a aparente conquista republicana na lata do lixo ao exagerar na mão. Se José Genoíno tivesse morrido na Papuda, o PT que tem suas contas para cumprir, craque que é em se comunicar, transformaria o limão numa limonada - Barbosa vestiria a roupa do Belzebu, transformando Justiça em justiçamento.

Em meio a tudo isso, o Governo viu a semana lhe apresentar números de desemprego tão bons que foi a melhor medição para o mês de outubro desde quando esta avaliação começou a ser feita, em 2002.  O leilão dos aeroportos foi um sucesso com um ágio veemente que revelou o que muitos já detectaram, Dilma e seu Governo são ruins na geração de confiança, mas o Brasil é uma grande oportunidade de negócios para o Mundo.

O duelo entre os fatos políticos e as evidências econômicas, não raro, geram nos analistas mais atentos uma falsa convicção de que a onda de economia-política é suficiente para dar sinais sobre o futuro do Brasil, como tem se visto nas últimas eleições presidenciais, onde na ausência de contrapontos inteligentes, dinâmicas, contemporâneos e corajosos tenhamos encurralados boas opções para uma sociedade como a nossa. É verdade que nos últimos anos tanto a onda de bonança como a de más notícias tenham ajudado ao status quo. Mudar para quê e mudar com que qualidade?!

Alegar que a sociedade esteja anestesiada com a repetição de fatos não deve ser descartada, mas é evidente que as mudanças profundas no Brasil real nos últimos 10 anos não podem e nem devem nos reduzir.

Alegar, simplesmente, que o PT e seus apoiadores são bons em dizer sobre suas bonanças enquanto sabem escapar de suas maldades e que as oposições não sabem convencer pelo que têm de melhor, enquanto que o que têm de pior seria a desconfiança não é suficiente. As elites nacionais, e a imprensa se inclui nisso, atônitas - teimam em reconhecer isso como suficiente. Não é!

Existem questões mais profundas.  O que está em jogo é a política. No mundo todo as democracias estão sob fogo cerrado. Nos Estados Unidos, o caso da espionagem está colocando em discussão o tamanho e a importância do Estado subterrâneo que existe debaixo da Casa Branca. Na França, a terra do livre pensar, o insucesso dos socialistas  já avaliza apoios ao pan-nacionalismo. Os problemas nessa vertente se espalham em todas as democracias, sejam velhas ou novas. No Brasil, se teima em falar em reforma política, mas isso cheira a saída da Constituinte de 88 para o Brasil pós-ditadura – era visto como o nosso passaporte à felicidade. Não foi. 

As democracias que estão em xeque já possuem modelos bem ajustados de financiamento e representação do poder. Dizer que eles sofrem face ao rescaldo da crise mundial do fim da década passada não é suficiente, apesar de ser autoexplicativo.

A última crise da democracia foi na época das intensas ideologias. Hoje, o que temos?! Não acreditem, só, na economia-política para representar o Brasil. Temos mais para entender.

Eis o mistério da fé.

Por Genésio Araújo Jr

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