O jogo não será o mesmo!
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos aqui e em vários sites e jornais do Nordeste
(Brasília-DF) As duas últimas semanas foram perfeitas para o Governo Federal, Dilma e Lula.
A terceira semana se projeta sobre o mês de novembro. A possibilidade do Congresso Nacional ao chamar para si uma pauta de assuntos populares e polêmicos, como o voto aberto e o orçamento impositivo, tende a tirar do Planalto o protagonismo dos últimos dias.
Nada nos impede, no entanto, a nos atar ao que surgiu no feriado dos finados: a reunião da Presidenta Dilma com 15 ministros. A presença de condutores de grandes obras de infraestrutura - os nordestinos Edison Lobão, do MME, Aguinaldo Ribeiro, das Cidades, e o interino da Integração Nacional, Francisco Teixeira - garantiram a preocupação oficial com o Nordeste.
Os governistas teimam em dizer que as oposições não têm discurso para o Brasil. Os tucanos tolamente caem em ciladas e não avançam, foi o que se viu em 2006 e 2010. Agora, com um nordestino, como Eduardo Campos, os petistas estão atentos.
Os petistas já sabem que, com gente vinda do seio do Governo, a conversa vai ser outra. O discurso da segurança das conquistas não deverá ser suficiente. Essa montanha de gente nas classes C e D quer resolutividade. Obras de mobilidade, comandadas pelo Cidades de Aguinaldo, com o olhar atento da petista Mirian Belchior, do Planejamento, e os “ empacamentos” na Integração Nacional serão fundamentais no Nordeste.
Dilma sabe que terá muitos apoios no Rio de Janeiro – reconhece, agora, que as perdas com o fator Marina Silva(PSB-Rede) não serão suficientes para tremores súbitos. São Paulo promete mais do que no passado, o que poderá compensar perdas das Minas Gerais de Aécio Neves. O Sul e o Centro-Oeste não são decisivos.
Na onda petista da falta de discurso das oposições, os nordestinos críticos ao se juntarem aos nortistas (território da oposição com maioria de governos tucanos e socialistas) podem argumentar solenemente sobre as equivocadas opções do Governo Federal em investir bilhões em poucas empresas, via BNDES, em detrimento do desenvolvimento regional.
Por razões diversas, os nortistas com seus problemas em torno da Zona Franca de Manaus, e os nordestinos, que não reconhecem uma política clara de desenvolvimento regional, deverão se voltar para os restos mortais dos empreendimentos do senhor Eike Batista com perguntas que vão além da cova rasa(!?), tão abordada pelos grandes jornais e revistas econômicas nacionais e internacionais.
Segundo algumas análises foram R$ 20 bilhões investidos nas “campeãs nacionais”. Só na OGX foram R$ 10,3 bilhões..
Uma vez conversei com o presidente do BNDES, o pernambucano Luciano Coutinho, num dos eventos do BNB, em Fortaleza. Ele dizia que em todo lugar do mundo os governos faziam apostas em empresas campeãs e que por outro lado se avançava com os pequenos do Nordeste, especialmente com o Cartão BNDES!
Não tenham dúvidas: esta discussão vai explodir em 2014. Tudo indica que teremos uma eleição diferente das últimas, que vêm desde o fim dos anos Collor-Itamar.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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