Um outubro surpreendente
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos aqui e em vários sites e jornais do Nordeste
(Brasília-DF) Quem imaginava que teríamos um início de outubro de 2013 tão impactante como este?!.
Semana passada, neste mesmo espaço, alentava para a fortaleza da constatação de que só a política transformava bruxas em princesas. Agora, estamos frente a frente da política que transformar o impossível no possível. Isto é para aqueles que ainda duvidam que a política não seja a maior atividade humana. Não confundam política com politicalha, por favor!
O que a união Aécio-Serra ou a composição surpreendente Eduardo-Marina poderão representar para o Brasil e o Nordeste, em especial!?
Bem, caberia muitas colunas para avaliar cada uma dos Estados. No Ceará e no Rio Grande do Norte, Marina foi muito bem votada, para lembrar dois evidentes casos, mas a parcimônia deve ser boa conselheira nas análises face ao inusitado. Neste final de semana fui acompanhar o lançamento da pré-candidatura do presidente da Embratur, Flávio Dino(PC do B), ao Governo do Maranhão, em São Luís. Acredito que vi um momento histórico – uma efetiva mudança na política maranhense, que deverá vir com um fim de um ciclo da política nordestina e brasileira.
Na oportunidade, vimos a cúpula do PC do B se esforçar para evitar dizer o inevitável: qual o rumo do PC do B na relação entre os aliados PT e PSB? Lá no Maranhão, o PSB é mais importante que o PT e ajudaria mais no aparente inevitável sucesso de Dino em substituição aos Sarney. O PT, face a ligação Lula-Sarney, está unido ao antigo. Esta nuvem, que os comunistas insistem em manter presente, ainda não tinha encarado o vento da surpresa que foi a união Eduardo-Marina.
No momento, devemos nos servir das imagens maiores, e não dos regionalismos que virão a cavalo.
A união Minas-São Paulo e a declaração de Marina de que surgia, novamente no Brasil, partidos clandestinos, numa alusão a sua Rede recebida pelo PSB, e que isso não era estranho em nossa história - falam muito alto.
A primeira grande ruptura da política republicana brasileira veio com o fim do ciclo café-com-leite, a união que revezava paulistas e mineiros no comando do Brasil. A permanência de José Serra no PSDB, insistam ou não seus críticos, já representa para muitos tucanos a possível chapa puro-sangue que, bem cuidada, pode representar muito mais que um reacionarismo. Temos muitos jovens que não sabem o que, no passado, essa reunião significou, as sementes da onda de seguidas rupturas políticas, no auge das ideologias e da disputa Leste-Oeste.
Esta união Minas-São Paulo pode fazer o convulsionado Rio de Janeiro marchar contra ou a favor!? Nos últimos anos, o Rio de Janeiro quase sempre marchou contra os interesses de São Paulo.
Eduardo-Marina parece um redivivo MDB, que aceitava de braços abertos os clandestinos PC do B, PCB e os movimentos como o MR-8?! O povo vai entender a grandeza disso? O PT seria a nova Arena, que obriga, com sua(?) Justiça encurralamentos democráticos? Enfim, são muitas perguntas.
Que outubro esse, que teremos pela frente...
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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