A Bruxa virou Princesa?!
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos aqui e em vários sites e jornais do Nordeste
(Brasília-DF) A semana não poderia ter sido melhor para o Governo Dilma Rousseff. Passado os tormentosos dias de junho, quando parecia que o mundo iria se acabar para os poderosos em geral.
Desemprego em queda, dólar estabilizado, números da pesquisa PNAD do IBGE revelando avanços, partidos políticos sangrando, uma boa fala presidencial na sessão de abertura da Assembleia nas Nações Unidas por conta da espionagem americana, em Nova Iorque, e, para fechar, a pesquisa Ibope/Estadão em que Dilma chegaria a 38% de apoiamentos numa futura disputa presidencial, à beira da maioria absoluta.
O que aconteceu de tão maravilhoso para a até então chatíssima e atarantada Dilma parecer uma antenada e determinada Chefe de Estado, Dilma Rousseff, de hoje? A vida das pessoas melhorou? O PIB aumentou? A inflação recuou? O Palácio do Planalto fez menos besteira? Responder sim a essas perguntas seria uma temeridade, uma irresponsabilidade, mas é certo que as protocolares manifestações do sete de setembro, quase uma franquia da “Marcha dos Excluídos” que já existe - foi formulada por movimentos ligados ao PT há mais de 15 anos – são um indicativo do lusco-fusco dos eventos do fim do semestre passado.
A verdade é que as classes populares receberam poucos sinais de alguma mudança, mas receberam, e a continuação do julgamento do mensalão, como imaginavam alguns, de nada influenciou. As pessoas, se servindo do inefável subjetivismo, com ausência de grandes evidências, reconheceram as limitações do momento que conturba o planeta, outras inconsequências dos poderosos, para lhes fazer crer que a atarantada pode ser uma determinada, se lhe dermos chance. A vida, no barato, não está tão ruim como se conta.
A verdade é que o afastamento de apoiadores constantes do projeto de poder que está aí, como o PSB, ainda não foi percebido pelas pessoas, visto que o mundo político ficou cheio de nuvens com a série de notícias que assustam os agentes sociais e econômicos. A criação de novos partidos, a possibilidade da respeitável candidatura Marina Silva ficar no meio do caminho geram muitas inseguranças. O povo que gosta de portos seguros prefere o que tem.
Se o povo, em geral, se serve de segurança, em imaginar os nordestinos, que pela lida constante com a insegurança e a intempérie se encantam com o mínimo de conformação! O poder nordestino se viu fragmentando com a saída do importante grupo político dos irmãos Ferreira Gomes, do PSB, até então com 4 governadores no Nordeste. Só no Nordeste, o PSB corre o risco de perder, no mínimo, 6 deputados federais até o dia 5 de outubro. Haverá mudanças fortes no PDT, PR, PMDB. O PSDB e o PT serão os que sofreram os menores abalos, diretos.
Muitos dos que mudam alegam que vestem outras camisas, mas todos caminham para apoiar o Governo que está aí. Aparências que falam muito, pois ao buscarem formas diversas de fazer o que querem esses políticos perpetuam o sentimento da insegurança. O povo, na dúvida, percebendo que este mundo à parte o impressiona reflete com o tem.
A política é de fato impressionante. Só ela transforma bruxas em princesas, e vice versa!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr
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