31 de julho de 2025

A busca da marca e os nordestinos

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço

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( Brasília-DF)   Depois do que se viu na última semana, com Joaquim Barbosa tendo que engolir o narciso mas sem chamusco e Dona Dilma escapando da humilhação dos vetos derrubados - nos resta, neste caminho ao final de agosto,  avaliarmos o que nos espera nesses dias tensos de dólar em alta e   “Mais Médicos” ganhando corpo como adolescente em festa.

O Nordeste por ter muita gente na classe C parece ganhar ar de mistério.  No Brasil, 54% da população está neste patamar, e o Nordeste talvez, certamente, um pouco mais.  Essa gente brasileira vai sofrer mais com o aumento dos preços que o dólar deve impor.  Inicialmente, se falou que a inflação do dólar avançaria em 7% os níveis inflacionários mensais. Já tem gente que pode até dobrar com alguns produtos.  Exagero!?  Veremos. O imposto inflacionário, no Nordeste, tem características próprias pois os produtos regionais que gerariam um hedge natural estão escassos por conta, ainda, dos efeitos da seca.

O câmbio, dizem, existe para acabar com as certezas econômicas,  humilhá-las.

Quanto aos “Mais Médicos”, aí sim, temos mais elementos para não nos sentirmos humilhados. O Nordeste, ao contrário do que se pensava, não é a região onde os prefeitos mais demandaram no programa “Mais Médicos”. Perdemos para o Norte e o Sudeste, creiam! A maioria da população nordestina está no litoral, com a exceção dos 20 milhões que vivem no semiárido. 

Logo quando se lançou o Programa conversei sobre a iniciativa com um importante líder partidário da base - nordestino e médico.  Fustigado com a provocação de que Dilma, em meio às patuscadas, tinha acertado em cheio, ele fez muxoxos, apesar de realista, pois acreditava que os benefícios chegariam tarde para as eleições e a chefe de Governo ficaria com a antipatia de uma classe forte, que é a dos médicos. Em política, o risco existe para ser exercido, mas ninguém é suicida.  O programa avança e nesta semana teremos a certeza de que mais de 1.500 médicos já estarão em campo em setembro, dos 15.460 que o Governo Federal tentará importar.  Nesta tocada, até junho do ano que vem teremos mais da metade da meta realizada.  Os embates com a classe médica continuarão, mas a chegada dos resultados, confirmando-se, gerará uma marca. 

Um médico, trabalhando bem, gera uma revolução em núcleos sociais desamparados.  Dilma ganhará um marca, deixará de ser uma efígie mal humorada.  A grita contra os cubanos é coisa de reacionários, porém pega mal esta história dos ilhéus receberem bem menos do que lhes deveria ser pago e será feito aos outros médicos estrangeiros, como os portugueses, espanhóis e argentinos. 

Esses cubanos terão limitações contratuais para atuar no Brasil. Os apoiadores dos cubanos alegam que eles vão receber de bom grado o quinhão que lhes será dado, pois estarão pagando com prazer a formação de mais médicos na Ilha.  Seria uma presunção se não fosse pior, negar a eles o direito de pedir asilo político no Brasil, se assim aprouverem. :O país que recebe todos de braços abertos não tem esse direito de atropelar suas origens, como país dos degregrados, fugidos, escolhidos, pioneiros e aventureiros de toda ordem.

Agosto caminha bem, apesar dos agouros.

Eis o mistério da fé.

Por Genésio Araújo Jr, é jornalista

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