31 de julho de 2025

Sobre a falência da política

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço

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( Brasília-DF) Esta semana aqui em Brasília teremos dias muitos tensos pela frente.

Veremos o segundo turno da votação do Orçamento Impositivo, na Câmara Federal. O governo perdeu, deverá perder no Senado, também, e já anuncia que poderá recorrer à Justiça.

Na sessão do Congresso Nacional – quando Senado e Câmara decidem justos sobre determinados temas, eleitos pela Constituição –, marcada para terça-feira, vai analisar 167 vetos da Presidenta Dilma. Todos eles vêm desde  4 de julho deste ano, quando passou a valer as novas regras de análise de vetos presidenciais.   O Governo Federal já anuncia através de seus interlocutores que também pode recorrer à Justiça

Por falar em Justiça, esta também vive seus momentos complexos, desde que o Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, conseguiu desagradar até seus mais diligentes apoiadores com o espetáculo de arrogância visto na última sessão do pleno daquela Corte, na quarta-feira última, ao detratar o vice presidente da mesma casa, o ministro Ricardo Lewandowski, e sem admitir retratação!

Tudo isso se dá às barbas do sete de setembro, onde teremos manifestações nacionais, aliada a consolidação das notícias de fim de trimestre, especialmente econômicas. 

O que vemos nisso tudo é que a onda de detratar a política, que está nas ruas, explode entre os poderosos de toda ordem!

O que é que está errado na política nos dias de hoje?  Seria muita pretensão deste analista afirmar isso ou aquilo, em meio a uma cena que é marcante, e se repete, em todo o planeta.  As pessoas falam mal da política, mas não são políticos, mas quando os que fizeram a vida fazendo política não conseguem realizá-la nem em seus ambientes preferidos?  O que se dizer!? Uma coisa é certa: não existe mais ambiente preferido nos dias de instantaneidade, dos fatos e acontecimentos.  Não existe mais ambiente confortável,  para ninguém, nos dias de hoje.

Como disse, recentemente, o pesquisador Fernando Shuler, diretor geral do Ibmec/RJ, no programa Painel, do canal Globo News, o custo da política ficou baixo com a força da internet e pequenos grupos, minoritários, podendo fazer muito usando a web.

Os nordestinos que comandam a Câmara e o Senado – Henrique Eduardo Alves(PMDB-RN) e Renan Calheiros(PMDB-AL) -  são de longe os mais frágeis nesta empreitada. Não custa lembrar sobre os aviões da FAB, usados por autoridades e divulgados seus usofrutos de forma cifrada, ou outros malfeitos.   Eles, diferente de Dilma, Joaquim Barbosa e Lewandowski, não negam que fazem política, profissionalmente.  Eles correm riscos, pois comandam uma instituição, o Parlamento, que é cara da política que não funciona, mas que todos precisam no modelo de democracia representativa que ainda temos.  A forma como eles agem neste ambiente de completa instabilidade, em que se nega a política, nos leva a corredores estreitos e tortuosos.

Já me socorri aqui, noutros momentos, de melhores e históricas mentes para dizer que não existe outro caminho que não seja o da política. É fácil dizer sobre certezas que moldam a humanidade, seus dilemas.  Nós fazemos jornalismo e não ciência política. Não precisamos querer explicar, temos que contar.  A sociedade nos paga e nos impõe essa missão.

Contar sobre essa nossa agrura semanal parece ser contar sobre batalhas que não encerram guerras. Fica cada dia mais fragrante que nossas batalhas estão ficando maiores que nossas guerras.

Boa semana a todos.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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