Efeitos Rio-São Paulo no Nordeste
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço
(Brasília-DF) A divulgação, em rede nacional, de denúncia contra os governos tucanos em São Paulo, por conta de um possível cartel para favorecer s Siemens no Metrô local – o que chamou atenção, visto a conhecida simpatia de algumas broadcasts com os tucanos – e o desmonte do governador peemedebista Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, famoso pela popularidade - um querido da grande mídia nacional – não podem ser vistos como situações pontuais e devem ser avaliados para entender o futuro da política brasileira. O Nordeste, e seus agentes políticos, devem ficar alertos.
Estamos às portas do início do ano eleitoral. No iniciozinho de outubro, daqui a exatos dois meses, teremos um ano para as eleições de 2014. Para alguns bem pertinho, bem outros bem longuinho. Não custa relembrar que nas últimas eleições, o eleitorado gigante de São Paulo anulou, praticamente, sua importância ao votar, principalmente em segundo turno, de forma dividida o que fez com que se esvaisse sua importância estratégica e definidora. O Rio de Janeiro, mesmo com o Efeito Marina nas últimas eleições, sempre foi mais compacto. Vota para um lado, em grande maioria, e acaba valendo mais na balança das definições, comparado com São Paulo.
O governador Geraldo Alckimin está na defensiva, assim como todo o seu governo que já vivia, antes das manifestações, que agora têm franquia - as dificuldades com a questão da segurança pública. O governador Cabral, especula-se, poderá renunciar ao cargo para garantir a sobrevivência de um projeto político. Nesses estados, a popularidade da Presidenta Dilma vive o pior momento. Um conjunto drástico para os políticos. Estão em cheque os três maiores partidos do país: PT, PSDB e PMDB.
No Nordeste, esses três partidos vivem realidades muito próximas, mas, ao mesmo tempo, contraditórias. Dilma tem ainda índices muito fortes, talvez seja, hoje, seu pulmão em meio à falta de ar. O PT não estaria tão bem, a situação de Jaques Wagner na Bahia é sintomática, o mais mal avaliado na região, abaixo da média nacional de Dilma, segundo o Ibope. O PSDB ressurge com os números das pesquisas que vêm do Ceará e do Piauí. O PMDB tem possibilidades no próprio Ceará, Rio Grande do Norte, e pode viabilizar bons acordos ainda na Paraíba e Bahia. O fator PSB não dará ao Nordeste posições do passado, quando assim como o Rio de Janeiro votava em uníssono e decidia.
A situação, nitidamente, deteriorada em Rio-São Paulo tende, mesmo com o que se vê agora, a impor reflexos no Nordeste.
A possível renúncia de Cabral, mesmo com a federação capenga que temos, poderá gerar efeitos nos mais fracos da região. A Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste, tende a ser o mais atingido face a conhecida leniência de Wagner, tanto com o próprio PT assim como com seu arco de aliança. Ainda não se sabe como serão os efeitos das manifestações de setembro nos estados do Nordeste.
As lideranças políticas nordestinas são, de longe, as mais sensíveis à sobrevivência política. Dos 9 estados da região só teremos reeleições tradicionais em 2 e eventuais(vices que assumem com esta missão), provavelmente, em 2 estados mas pode chegar a 4 estados, dependendo da conjuntura. Isto obriga a cálculos milimétricos.
Os políticos detestam cálculos tão difíceis.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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