Os riscos que Dilma cultiva
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
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( Brasília-DF) A crise na gestão política federal está devidamente instalada, aboletada . Mesmo que por uma passo de mágica(!) tudo se resolva nesses idos de março, na prática será uma solução precária. Em política tudo é precário, nada é obra para durar como as pirâmides de Quéops. No nosso caso brasileiro, ainda é pior.
A Presidenta Dilma fez uma declaração nessa semana, dia 21, num evento no Rio de Janeiro, que chamou atenção ao falar de política. Ele dava novo colorido a declaração do novo líder do Governo, no Senado, senador Eduardo Braga(PMDB-AM), que estava mudando as relações entre os políticos e o Governo Federal, dando entender que acaba-se a era do toma-lá-dá-cá.
Na quarta-feira,22, ela reuniu quase 30 empresários, os mais importantes do Brasil em várias área e alguns no padrão de líderes de setor. Ela, na prática, pediu, ao garantir que iria atendê-los no que puder, com alguns motivos para investir mais no país – que pressionassem os políticos, “do outro lado da rua”, para votarem o que ela considera “ importante para o país”.
Neste fim de semana, ela deu uma entrevista a revista “Veja” , a mais crítica ao governo de seu inventor – antes de viajar por quase uma semana para a Índia. Ela negou que existisse crise em seu Governo:
"Não há crise nenhuma. Perder ou ganhar votações faz parte do processo democrático e deve ser respeitado. Crise existe quando se perde a legitimidade.", disse.
Existe um sentimento junto à classe política de que com a Presidenta Dilma não vai ter conversa. Por enquanto, a classe política se comporta como aquela gente que não aguenta as diatribes do filho do big boss, mas que sabendo que o “chefe” está doente, merece respeito, e não fazem pior com o rebento levado. O que não está em jogo entre essa gente é se a Presidenta é legítima, se ela tem o respeito da população. Está em jogo a sobrevivência na luta do momento. As eleições municipais - que garantem a eles, os políticos, elos para formatar a eleição estadual e presidencial dos próximos dois anos. Dilma deve dar uma dura nos políticos, a população gosta disso, até, mas como ela não tem o prumo e o tempo para isso cria uma preocupação grande entre os especialistas em poder.
Tudo indica que Dilma deverá paralisar o Congresso por duas semanas. No Senado, ela vai se aproveitar do processo de pressão que vai se montar sobre o senador democrata, tido como o xerife da oposição, Demóstenes Torres(GO). Ele está sob pressão, por conta do “ Caso Carlinhos Cachoeira” . Dilma conta que a classe política, apesar das dificuldades que acusa, não vai enfrentar o Diário Oficial .
Dilma dialoga com os signos que animam a oposição, dá entrevista para uma revista que diz que ela está errada quando está certa. As margens são mínimas, para lá e para cá.
O país não anda mal, apesar da crise na indústria e na condução incoerente na questão monetária. Dilma corre riscos que cria e sabe que tem um protetor que todos respeitam.
Vamos ver onde isso vai dar!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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