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A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) Muita gente fez questão de não dar muita atenção. Outros menosprezaram a fala. Outros fingiram que não era tão importante. Outros simplesmente logo esqueceram.
A verdade é que a fala do senador Fernando Collor de Melo(PTB-AL), em parte ao senador Romero Jucá(PMDB-RR), que fazia discurso de despedida da liderança do Governo no Senado – foi algo significativo. Ele disse, destacando o trabalho de Jucá como articulador de Governo – que a forma como a Presidenta da República, Dilma Roussseff, vinha tratando o Congresso Nacional era perigosa. Ele disse que isso seria poderia ser danoso à sua administração e disse que a má-relação que teve com o Congresso foi capital para seu impeachment.
Cada época com seus códigos e anagramas. A democracia brasileira avançou. É bom lembrar que aquele Congresso não foi eleito com o Presidente Collor. Este é outro, foi eleito para dar sustentação à Presidenta. O Senado foi eleito com o “dedazo” do ex-Presidente Lula. Ele foi lá e interviu na eleição para o Senado em vários Estados. No Nordeste, fez questão de derrotar nomes importantes do PSDB e do Democratas. Ele queria um Senado pronto para sua escolhida, que ele sabia não ter o seu gingado político. A verdade é que mesmo assim vêm do Senado as maiores dificuldades da Presidenta. Na prática, se formos ver ela venceu tudo o que pleiteou por lá. Na Câmara, só perdeu na primeira ronda do Código Florestral e é bom que se esclareça que esta questão vai muito além do que pensa um Governo. O Brasil é muita grande e não dá para confundir Amazônia com Semi Árido.
A Presidenta não deve ficar se abaixando para qualquer deputado ou senador. Ela deve dar atenção e respeito ao modelo representativo que temos. Ela não pode se comportar como o cidadão comum que comenta atos desassombrados na internet sem se identificar. Não queremos aqui aventar que a democracia seja refém dos políticos, que possam ir além da opinião pública. Não se pode se servir da Opinião Pública favorável para tratorar outros poderes. A história moderna e contemporânea está cheia de casos que vão muito além da crise dos Anos 90, com a queda do primeiro presidente eleito pelo povo brasileiro depois de quase três décadas. A primeira presidenta eleita pelo provo brasileiro também corre seus riscos.
Collor de Melo falou que os políticos precisam ser respeitados. A Presidenta não deve tratá-los como meninos mimados. O povo brasileiro não deseja isso. A Presidenta ao fazer mudanças em sua equipe de coordenadores políticos no Congresso errou ali e acertou acolá, porém se comportou como obreiro de ações pela metade. Se era para ter mexido que o fizesse por completo!
Ela tirou os interlocutores do Congresso com o Governo, mas não mudou o interlocutor do Governo com o Congresso. Talvez não quisesse perder a caderneta de anotações. Ora bolas, os pedidos são conhecidos. Dilma colocou no Ministério dos Políticos uma senhora que não sabe o que fazer com os políticos. Ou muda tudo ou o problema vai ficar pior!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista