31 de julho de 2025

Piauí.

O Brasil não será feliz se não investir no crescimento e no desenvolvimento sustentável do Nordeste, diz B. Sá; Coordenador-adjunto da Bancada do Nordeste repercutiu números do IBGE sobre desenvolvimento sustentável.

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(Brasília-DF,05/11/2004) O deputado B. Sá(PPS-PI), coordenador adjunto da Bancada do Nordeste e vice-líder de seu partido na Câmara, repercutiu na manhã de hoje no plenário da Câmara os números divulgados ontem pelo IBGE dando destaque para o Índice de Desenvolvimento Sustentável, IDS 2004. O Piauí, seu estado, tem números negativos alarmantes na área de saneamento.

 

 

Segundo o parlamentar, o fim da inflação nos moldes anteriores ao Plano Real não trouxe o desenvolvimento.

 

 

Confira a fala do parlamentar piauiense, na íntegra:.

 

 

 

“Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os jornais do dia de hoje publicam dados do último relatório do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) sobre indicadores econômicos do desenvolvimento sustentável.

 

 

Chamo a atenção para alguns itens que julgo da maior importância: saúde e saneamento. O total de internações hospitalares por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado questões de água, esgoto e coleta de lixo apresentou uma queda agressiva em nove anos.

 

 

 

Em 1993 foram registradas 730 internações para cada grupo de 100 mil habitantes. Em 2002 houve 375 internações para esse mesmo grupo de habitantes. O resultado mostra que a melhora no acesso à água, ao esgoto e ao tratamento de lixo influencia diretamente a qualidade de vida. Neste quesito, o Distrito Federal tem o menor registro de internações. Houve 120 casos para cada 100 mil habitantes.

 

 

Sr. Presidente, é preciso observar que esses são dados estatísticos (dados de média), posto que no Nordeste, particularmente no Estado do Piauí, esses índices são altíssimos, até porque as doenças de veiculação hídrica continuam sendo responsáveis por mais de 60% dos casos de internação hospitalar de crianças entre zero e cinco anos naquele Estado.

 

 

Outro resultado aferido pelo relatório do IBGE foi o fato de que a economia não reduz desigualdade. Sr. Presidente, persiste alta a concentração de renda nos últimos 10 anos, de 1994 até2003, tempo abrangido por esse novo estudo do IBGE.

 

 

Os números do IBGE mostram que a queda da inflação não trouxe justiça social. Entre 1994, quando editado o Plano Real, e 2003, primeiro ano do Governo Lula, o PIB per capita cresceu apenas 6,3%, passando de 8 mil 57 reais para 8 mil 564 reais.

 

 

Nesse mesmo período, segundo o IBGE, a população brasileira cresceu 12,8%; ou seja, aumentou de 156,7 milhões para 176,8 milhões de habitantes.

 

 

No ano de 2003, por conta do forte arrocho imposto à economia pelo Governo para derrubar a inflação, o PIB per capita caiu 1,47%.

 

 

Os números que fazem parte desse documento do IBGE, divulgados ontem, como já frisei anteriormente, mostram a economia estagnada, incapaz de resolver os graves problemas sociais do País. Em decorrência disso, há aumento da pobreza, da miséria, da concentração de renda, da desesperança e, conseqüentemente, da violência, que hoje não se cinge, lamentavelmente, apenas às grandes metrópoles, mas às cidades de médio e de pequeno porte do interior do País.

 

 

Finalmente, Sr. Presidente, chamo a atenção para o índice GINI, que mede a concentração de renda, universalmente consabido e adotado. Acima de 0,5, quando o índice ocorre, pode-se qualificar forte desigualdade de renda. De acordo com o IBGE, em 2002, último dado disponível, a taxa média nacional ficou em 0,573, praticamente a mesma de 1992, que foi de 0,575. Quando esse índice é aberto, analisada Região por Região, percebe-se que a Região que mais concentra renda no País é a Centro-Oeste, com índice da ordem de 0,591. Na Região Centro-Oeste, o Distrito Federal apresenta o maior fosso entre ricos e pobres, com índice de 0,607. Em âmbitode Brasil , o resultado desse Estado só perde para o Estado do Piauí, onde uma restrita elite convive em meio ao maior bolsão de pobreza do País.

 

 

O indicador do coeficiente de GINI é da ordem 0,615, muito próximo ao dos países africanos.

 

 

Sr. Presidente, concluo dizendo que deve haver um investimento maior no setor produtivo do País, o qual é muito baixo. Em 2003, o investimento no setor produtivo no País fechou na casa de 18,04% do PIB olha que dado importante, Presidente abaixo dos 18, 42% registrados em 1992, quando o País vivia a mais severa recessão da sua história. Esses índices de investimento em relação ao PIB deveriam ficar pelo menos da ordem de 25% do PIB, segundo observações do IBGE.

 

 

Trago esses dados, Sr. Presidente, para chamar a atenção, mais uma vez, das dezenas de Deputados que falaram desta tribuna, ao longo de todos os governos que passaram ao tempo em que aqui estamos, para esse tema candente.

 

 

É preciso que se façam investimentos de infra-estruturas, neste País, na estrada, no porto, sobretudo na educação qualificada e na eletrificação rural. Daqui a dois anos, por exemplo, se não houver investimento na geração de energia elétrica haverá, provavelmente, mais um apagão. O Governo precisa investir, seletivamente, nas regiões economicamente mais deprimidas.

 

 

O Brasil não será feliz se não investir no crescimento e no desenvolvimento sustentável do Nordeste, precisamente no Estado do Piauí, que ainda deixa muito a desejar em termos de investimento.

 

 

Muito obrigado.”

 

 

( da redação com informações da taquigrafia da Câmara Federal)