31 de julho de 2025
G20

Lula, ao destacar que o G20 é responsável por 77% das emissões globais, diz que o grupo deve assumir protagonismo para transição energética e o abandono progressivo da dependência de combustíveis fósseis

Mais cedo, na primeira sessão do G20 neste sábado, Lula defendeu que é hora de declarar a desigualdade de uma emergência global.

Por Política Real com assessoria
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Lula discursa em Joanesburgo, na ;Africa do Sul, por conta do G20 Foto: imagem de streaming

(Brasília-DF, 22/11/2025). Neste sábado,22, durante a Cúpula do G20, em em Joanesburgo, na África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o grupo assuma o protagonismo na elaboração de um Mapa do Caminho para a transição energética e o abandono progressivo da dependência de combustíveis fósseis.

Lula, em seu discurso na Sessão II do evento, Lula destacou que o G20, responsável por 77% das emissões globais, seria essencial para que essa estratégia, proposta pelo Brasil na COP30, em Belém (PA), ganhe escala e se concretize.

"Só haverá transição justa se o G20 liderar o caminho. É do G20 que um novo modelo de economia deve emergir. O grupo é ator-chave na elaboração de um mapa do caminho para afastar o mundo dos combustíveis fósseis. A COP30 mostrou que o mundo precisa enfrentar esse debate", afirmou Lula, ao classificar a mudança do clima como "desafio de planejamento econômico" e não apenas questão ambiental.

O presidente brasileiro destacou que a transição energética e a resiliência climática exigem inversão nas prioridades de financiamento. "É inconcebível que não sejamos capazes de mobilizar 1 trilhão e 300 bilhões de dólares em financiamento climático, enquanto o dobro desse montante é consumido por despesas militares", comparou.

Para ele, a  construção de resiliência climática, que envolve, entre outros, a adaptação de infraestruturas como rodovias e linhas de transmissão, deve ser tratada com prioridade, mas com atenção aos desdobramentos humanos.

“Um mundo resiliente não se faz apenas com infraestrutura. Quando alguém é atingido por um evento extremo, são as políticas públicas que o ajudam a se reerguer. Contudo, cerca de metade da população mundial não conta com proteção social. Quase 700 milhões ainda sofrem com a fome. Construir resiliência não é gasto, é investimento".

Ao alinhar a pauta ambiental à social, Lula reiterou o compromisso do Brasil em garantir que a transição energética proteja as populações mais vulneráveis e que historicamente menos contribuíram para a crise global.

“Vai contra nosso sentido mais elementar de justiça permitir que as maiores vítimas da crise climática sejam aquelas que menos contribuíram para causá-la", reforçou, ao listar propostas trabalhadas durante a COP30, em Belém, que envolvem o fortalecimento da proteção, o apoio a pequenos produtores e a garantia de vida sustentável a comunidades que vivem nas florestas, inclusive por meio do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, lançado pelo Brasil durante o evento na capital paraense.

Ao concluir, o presidente cobrou dos colegas do G20 ações no presente e citou o líder sul-africano Nelson Mandela para um convite à ousadia. "O G20 pode proteger cadeias alimentares por meio de medidas como compras públicas e seguros rurais. Também pode remunerar quem preserva as florestas por meio do Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Como nos ensinou Mandela, tudo parece impossível até que seja feito. A hora de fazer é agora."

Antes

Mais cedo, na primeira sessão do G20 neste sábado, Lula defendeu que é hora de declarar a desigualdade de uma emergência global. Ele propôs mecanismos inovadores, como a troca de dívida por desenvolvimento e ação climática e a taxação dos super-ricos. O presidente também teve uma reunião bilateral como chanceler da Alemanha, Friedrich Merz.

Veja a íntegra da fala:

 

Esta oportuna sessão ocorre no mesmo tempo em que estamos por duas palavras de concluirmos as negociações da COP30 no Brasil.

 

No ano em que o planeta ultrapassou pela primeira vez – e talvez de forma permanente – o limite de um grau e meio acima dos níveis pré-industriais, a comunidade internacional tinha diante de si uma escolha: continuar ou desistir.

 

Optamos pela primeira alternativa.

 

Na COP da verdade, a ciência prevaleceu.

 

O multilateralismo venceu.

 

Reafirmamos nosso compromisso com o Acordo de Paris.

 

Saímos de Belém com um quadro renovado de Contribuições Nacionalmente Determinadas.

 

Mobilizamos a sociedade civil, a academia, o setor privado, os povos indígenas e os movimentos sociais, para fazer da COP30 a COP com a segunda maior participação da história.

 

Entramos agora numa nova etapa, que exigirá esforço simultâneo em duas frentes:

 

» Acelerar as ações de enfrentamento da mudança clima

 

» Nos preparar para uma nova realidade climática

 

O G20 cumpre papel central em ambas.

 

O grupo responde por 77% das emissões globais.

 

É do G20 que um novo modelo de economia deve emergir.

 

O grupo é um ator-chave na elaboração de um mapa do caminho para afastar o mundo dos combustíveis fósseis. 

 

A COP30 mostrou que o mundo precisa enfrentar esse debate.

 

A semente dessa proposta foi plantada e irá frutificar mais cedo ou mais tarde.

 

A mudança do clima não é uma simples questão de política ambiental.

 

É, sobretudo, um desafio de planejamento econômico.

 

As prioridades estão invertidas.

 

É inconcebível que não sejamos capazes de mobilizar 1 trilhão e 300 bilhões de dólares em financiamento climático, enquanto o dobro desse montante é consumido por despesas militares.

 

Fortalecer a capacidade de prevenção e resposta a desastres é uma questão de vida ou morte.

 

Sistemas de alerta precoce não bastam. 

 

O clima vai colocar à prova nossas pontes, rodovias, edifícios e linhas de transmissão.

 

Vai exigir formas mais eficientes de gerir a água, cultivar alimentos e produzir energia.

 

Vai obrigar milhares de pessoas e de negócios a buscarem áreas mais seguras para viver e empreender. 

 

Os “Princípios Voluntários para Investir em Redução de Risco de Desastres”, aprovados sob a liderança sul-africana do G20, enfatizam a necessidade de financiamento de longo prazo.

 

Construir resiliência não é gasto, é investimento.

 

Para cada dólar investido em adaptação, ganham-se quatro dólares em prejuízos evitados e outros benefícios sociais e econômicos.

 

Mas um mundo resiliente não se faz apenas com infraestrutura.

 

Quando alguém é atingido por um evento extremo, são as políticas públicas do Estado que o ajudam a se reerguer.

 

Contudo, cerca de metade da população mundial não conta com proteção social.

 

Quase 700 milhões de pessoas ainda sofrem com a fome.

 

Vai contra nosso sentido mais elementar de justiça permitir que as maiores vítimas da crise climática sejam aquelas que menos contribuíram para causá-la.  

 

O Brasil lançou, na COP30, a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas.

 

Nela, reforçamos três compromissos:

 

» Fortalecer a proteção social

 

» Apoiar pequenos produtores

 

» E garantir alternativas de vida sustentáveis para comunidades que vivem nas florestas

 

O G20 pode proteger cadeias alimentares por meio de medidas como compras públicas e seguros rurais.

 

Também pode remunerar quem preserva as florestas por meio do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, lançado na COP30.

 

Só haverá transição justa se o G20 liderar o caminho.

 

Como nos ensinou Nelson Mandela, tudo parece impossível até que seja feito.

 

A hora de fazer é agora.

 

Muito obrigado.

 

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)