31 de julho de 2025
ISRAEL/GAZA

Hamas aceita Plano de Paz de Donald Trump, aceita libertar reféns, mas pede mudanças

A declaração do Hamas não menciona nem aceita especificamente o plano de 20 pontos de Trump

Por Política Real com agências
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Imagem de declaração do Hamas veiculado na Al Jazeehah Foto: X

Com agências

(Brasília-DF, 03/10/2025)  Nesta  sexta-feira, 03, após ultimato do presidente dos Estados Unidos, como informou a Política Real, o Hamas respondeu à proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo em Gaza aceitando o plano em parte, mas buscando novas negociações sobre uma série de pontos-chave.

Em um comunicado, o movimento afirmou concordar em "libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos, de acordo com a fórmula de troca contida na proposta do presidente Trump" — se condições para as trocas forem atendidas.

No entanto, no documento, o grupo parece sugerir que busca novas negociações sobre questões relacionadas ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos do povo palestino, afirmando que elas ainda estão sendo discutidas.

O anúncio ocorreu horas depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter dado ao Hamas um prazo até domingo para o grupo aceitar o plano de paz dos EUA para Gaza ou enfrentar "o inferno".

A declaração do Hamas não menciona nem aceita especificamente o plano de 20 pontos de Trump, mas afirma que "renova seu acordo para entregar a administração da Faixa de Gaza a um corpo palestino de independentes (tecnocratas), com base no consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico".

No entanto, a declaração não menciona uma das principais exigências do plano: que o Hamas concorde com seu desarmamento e não desempenhe mais nenhum papel na governança de Gaza.

A questão fundamental é se o acordo para libertar os reféns e, eventualmente, entregar Gaza será suficiente para que Donald Trump acredite que há uma perspectiva de fim da guerra.

O plano de paz propõe o fim imediato dos combates e a libertação, em até 72 horas, de 20 reféns israelenses mantidos vivos pelo Hamas — bem como dos restos mortais de reféns supostamente mortos — em troca de centenas de moradores de Gaza detidos por Israel.

Acredita-se que 48 reféns ainda estejam detidos em território palestino pelo grupo armado, dos quais apenas 20 estariam vivos.

O plano estipula que, assim que ambos os lados concordarem com a proposta, "ajuda total será enviada imediatamente para a Faixa de Gaza".

Também prevê que o Hamas não terá nenhum papel na governança de Gaza e deixa a porta aberta para um eventual Estado palestino.

No entanto, após o anúncio do plano na segunda-feira (29/9), Netanyahu reafirmou sua oposição de longa data a um Estado palestino.

"Não está escrito no acordo. Dissemos que nos oporíamos fortemente a um Estado palestino", afirmou em uma declaração em vídeo logo após o anúncio.

Mais de 60 mortos em 24h

Nas 24 horas até o meio-dia de sexta-feira, 63 pessoas foram mortas em operações militares israelenses, informou o Ministério da Saúde de Gaza.

A pressão pelo plano de paz ocorre enquanto Israel realiza uma ofensiva na Cidade de Gaza, com o ministro da Defesa israelense afirmando no início desta semana que as forças israelenses estavam "apertando o cerco" em torno da cidade.

Israel diz que a ofensiva visa garantir a libertação dos reféns restantes.

Centenas de milhares de moradores da Cidade de Gaza foram forçados a fugir depois que o exército israelense ordenou evacuações para uma "área humanitária" designada na região de al-Mawasi, no sul, mas acredita-se que centenas de milhares de outros tenham permanecido na cidade sob ataque.

O ministro da Defesa de Israel alertou que aqueles que permanecerem durante a ofensiva contra o Hamas seriam "terroristas e apoiadores do terror".

James Elder, porta-voz da agência da ONU para a infância, Unicef, disse na sexta-feira que a ideia de uma zona segura no sul de Gaza era "ridícula".

"Bombas são lançadas do céu com uma previsibilidade assustadora. Escolas, que foram designadas como abrigos temporários, são regularmente reduzidas a escombros", disse ele.

( da redação com BBC. Edição: Política Real)