31 de julho de 2025
TARIFAÇO

Como bolsonaristas reagiram a decisão de Donald Trump de retirar tarifaço de 40% sobre diversos produtos brasileiros

Após o anúncio, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro, afirmou nas redes sociais que a suspensão não deve ser atribuída ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Por Politica Real com agências
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Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo comentam fim do tarifaço Foto: Arquivo da Política Real

Com agências.

(Brasília-DF, 21/11/2025) A decisão do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, em retirar tarifas de 40% sobre alguns produtos agrícolas do Brasil citando Lula foi vista pelos parlamentares e aliados de Jair Bolsonaro (PL) como uma solução que não tem mérito da diplomacia brasileira.

Segundo os membros da oposição, a decisão foi baseada apenas em fatores internos.

Quando as tarifas americanas começaram a valer, em 30 de julho, o governo americano anunciou uma lista de exceções, com quase 700 produtos.

Mas nessa quinta-feira, 20, Donald Trump assinou um decreto ampliando essa lista, adicionando dezenas de outros itens, entre eles café, diversos cortes de carne bovina, açaí, tomate, manga, banana e cacau.

Após o anúncio, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro, afirmou nas redes sociais que a suspensão não deve ser atribuída ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"É preciso ser claro: a diplomacia brasileira não teve qualquer mérito na retirada parcial dessas tarifas de hoje. Assim como beneficiou outros países, a decisão dos EUA decorreu apenas de fatores internos, especialmente a necessidade de conter a inflação americana em setores dependentes de insumos estrangeiros", escreveu no X.

O parlamentar afirmou ainda que, com eleições legislativas marcadas para 2026, o governo Trump "precisa entregar resultados rápidos para que a população sinta a redução da inflação antes das urnas".

Ainda para Eduardo Bolsonaro, a implementação da tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros é consequência direta "da crise institucional causada pelo ministro Alexandre de Moraes, cujos abusos já preocupam o mundo e afetam a confiança internacional no Brasil".

O deputado do PL é acusado de ter articulado as americanas sanções contra o Brasil e autoridades brasileiras, na tentativa de influenciar o julgamento de seu pai por golpe de Estado.

Ele se tornou réu por coação no curso do processo, um crime que ocorre quando alguém tenta intimidar, pressionar ou interferir em investigações, ou ações judiciais, após decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada.

O empresário Paulo Figueiredo, aliado de Eduardo e neto do ex-ditador João Batista Figueiredo, também foi alvo da denúncia, mas será julgado em outro momento.

Em suas redes sociais, Figueiredo também se pronunciou sobre a suspensão das tarifas.

"Trump simplesmente retirou as tarifas de alguns produtos brasileiros (como já tinha feito anteriormente) em busca da redução de preços domésticos — em alguns setores onde os EUA não são competitivos", escreveu o comentarista político.

"Aviso aos colegas, que se for para jogar confete na diplomacia de Mauro Vieira, por coerência terão que fazer o mesmo com os MRE de pelo menos uma dúzia de outros países que foram beneficiados pela mesma medida - até antes do Brasil."

Figueiredo participou, ao lado de Eduardo Bolsonaro, de uma série de reuniões com autoridades americanas. Segundo as denúncias, eles teriam usado esses encontros para tentar interferir no andamento do processo contra Jair Bolsonaro.

Como resultado desse esforço, o governo americano teria adotado as tarifas de 50% contra os produtos brasileiros e sanções contra autoridades brasileiras.

Por sua vez, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que, se a redução das tarifas fosse resultado das ações diplomáticas do governo Lula, a decisão americana teria sido anunciada ao lado do chanceler Mauro Vieira na semana passada.

"Só interesse americano. Zero aproximação com o governo brasileiro. Trump está defendendo os interesses do país dele", disse, segundo o jornal Folha de S.Paulo

Evair de Melo (PP-ES), que foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara entre 2020 e 2022, afirmou que a suspensão das taxas mostram que o produtor rural brasileiro conquistou respeito "lá fora". Mas segundo o deputado federal, a categoria continua enfrentando "resistência ideológica aqui dentro".

"Agora, os EUA zeram a tarifa sobre café, carne e outros produtos, enquanto a esquerda aqui dentro segue atacando o agro", escreveu no X.

O presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), deputado Pedro Lupion (Republicanos-PR), afirmou que a medida do governo dos EUA é uma "vitória do trabalho dos produtores rurais e empresas brasileiras nos bastidores".

Lupion é apoiador de Jair Bolsonaro e já se manifestou diversas vezes contra a condenação do ex-presidente.

O deputado também atribuiu a suspensão das tarifas à pressão interna do mercado e do consumidor americano e ao "agro competente do Brasil" que consegue exportar produtos com competitividade maior.

( da redação com informações de assessoria e BBC. Edição: Política Real)