31 de julho de 2025
Brasil e Poder

Confira a íntegra dos discurso do presidente Lula na Cúpula do G7

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( Publicada originalmente às 19 h 11 do dia 17/06/2025) 

(Brasília-DF, 18/06/2025)  O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira, 17, como convidado do encontro das sete economias mais ricas do mundo, o G7, no Canadá, na cidade de Kananaskis.

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Agradeço ao primeiro-ministro Mark Carney [do Canadá] o convite para participar desta sessão ampliada.

Cinco dos atuais sete líderes do G7 chegaram ao poder desde a Cúpula de Apúlia.

Essa renovação denota a força da democracia, mas impõe desafios quando é preciso dar respostas rápidas e coordenadas.

A mudança do clima não espera, nem pode ser combatida sem esforço coletivo.

O G7 nasceu em reação às crises do petróleo.

Os choques dos anos setenta mostraram que a dependência de combustíveis fósseis condena o planeta a um futuro incerto.

Mas o mundo resiste em aceitar que a diversificação é chave para a segurança energética.

O Brasil foi o primeiro país a investir em larga escala em alternativas renováveis.

90% de nossa matriz elétrica provém de fontes limpas.

Somos hoje o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis.

Fomos pioneiros no desenvolvimento de motores flexíveis.

Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição e nosso diesel conta com 15% de biodiesel. 

Veículos híbridos, que combinam combustão e eletricidade, já são uma realidade na nossa indústria automobilística.

Estamos na vanguarda na produção do hidrogênio verde e do combustível sustentável de aviação.

A expansão de parques eólicos e solares e a descarbonização do setor de transportes e da agricultura dependem de minerais estratégicos.

É impossível discutir a transição energética sem falar deles e sem incluir o Brasil.

Contamos com a maior reserva mundial de nióbio, a segunda de níquel, grafita e terras raras e a terceira de manganês e bauxita.

Mas não repetiremos os erros do passado.

Durante séculos, a exploração mineral gerou riqueza para poucos e deixou rastros de destruição e miséria para muitos.

Ela não deve ameaçar biomas como a Amazônia e os fundos marinhos. 

Essa foi a mensagem que levamos à Cúpula dos Oceanos em Nice na semana passada.

O Brasil não vai se tornar palco de corridas predatórias e práticas excludentes.

Países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas das cadeias globais de minerais estratégicos, incluindo seu beneficiamento.

Essa foi nossa posição no G20 e tem sido nossa tônica no BRICS.

Parcerias devem se basear em benefícios mútuos, não em disputas geopolíticas.

Se a rivalidade prevalecer sobre a cooperação, não existirá segurança energética.

Tampouco haverá segurança energética em um mundo conflagrado.

Ano após ano, guerras e conflitos se acumulam.

Gastos militares consomem anualmente o equivalente ao PIB da Itália.

São 2,7 trilhões de dólares que poderiam ser investidos no combate à fome e na transição justa.

Todos nesta sala sabem que, no conflito na Ucrânia, nenhum dos lados conseguirá atingir seus objetivos pela via militar.

Só o diálogo entre as partes pode conduzir a um cessar-fogo e pavimentar o caminho para uma paz duradoura.

Em Gaza, nada justifica a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra.

Ainda há países ainda que resistem em reconhecer o Estado palestino, o que evidencia sua seletividade na defesa do direito e da justiça. 

Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis.

No Haiti, a comunidade internacional permanece indiferente ao cotidiano de caos e atrocidades perpetradas pelo crime organizado.

Não subestimo a magnitude da tarefa de debelar todas essas ameaças.

Mas é patente que o vácuo de liderança agrava esse quadro.

Estão sentados em torno desta mesa três membros permanentes do Conselho de Segurança e outras nações com tradição na defesa da paz.

É o momento de devolver o protagonismo à ONU.

É preciso que o Secretário-Geral lidere um grupo representativo de países comprometidos com a paz na tarefa de restituir à organização a prerrogativa de ser a casa do entendimento e do diálogo.

Obrigado.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)