Conservador, e apoiador de Donald Trump, Karol Nawrocki venceu o segundo turno da eleição presidencial na Polônia
Veja mais
( Publicada originalmente às 09h 07 do dia 02/06/2026)
(Brasília-DF, 03/06/2026) Agora está confirmado. Nesse domingo, 1º, o conservador Karol Nawrocki venceu o segundo turno da eleição presidencial na Polônia com 50,89% dos votos, contra 49,11% do rival, o liberal Rafal Trzaskowski, segundo a Comissão Nacional Eleitoral, após a contagem final dos votos.
No total, Nawrocki, apoiado pelo principal partido da oposição, o ultra-conservador Lei e Justiça (PiS), obteve 10.606.682 votos, enquanto Trzaskowski, prefeito de Varsóvia e apoiado pelo governo pró-europeu do primeiro-ministro Donald Tusk, obteve 10.237.177 votos.
A derrota, por uma diferença inferior a dois pontos percentuais, representa o segundo golpe numa eleição presidencial para o candidato liberal e pró-europeu, que perdeu em 2020 com uma diferença de 2,06 pontos percentuais para o atual presidente, Andrzej Duda, que conclui em agosto o seu segundo mandato consecutivo como chefe de Estado do país.
Pesquisas de boca de urna divulgadas ainda neste domingo indicavam uma leve vantagem para Nawrocki. Uma pesquisa divulgada pelo instituto Ipsos, que já contemplava resultados parciais da contagem de votos, colocava Trzaskowski com 50,7% dos votos, contra 49,3% de Nawrocki.
Políticos reivindicam vitória
Como a margem de erro das pesquisas era de dois pontos percentuais, não era possível determinar o vencedor. Apesar disso, ambos os políticos se diziam confiantes de que sairiam vencedores. Trzaskowski chegou a reivindicar sua vitória imediatamente após o anúncio das primeiras pesquisas de boca de urna.
"Esses resultados mostram como a eleição foi incrivelmente acirrada, e acho que a primeira tarefa como presidente será alcançar aqueles que não votaram em mim", disse o candidato de 53 anos, para os aplausos de seus seguidores.
O clima na festa eleitoral do nacionalista Nawrocki estava mais contido. Ele pediu aos seus apoiadores que não perdessem a esperança. "Temos que vencer esta noite e sabemos que isso vai acontecer", disse, após os primeiros resultados da boca de urna.
Todas as pesquisas de opinião antes da votação de domingo também indicaram que a diferença entre os candidatos seria mínima.
País dividido
Na Polônia, o presidente tem mandato de cinco anos e possui amplos poderes, incluindo representar o país no exterior, definir a política externa, nomear o primeiro-ministro e o gabinete, além de atuar como chefe das forças armadas em caso de guerra.
Ewa Marciniak, socióloga e diretora do instituto de pesquisas CBOS, disse que o resultado da pesquisa de boca de urna mostra "como a Polônia está dividida".
O resultado da votação terá impacto decisivo para o país, que é membro da União Europeia e da Otan.
Uma vitória do pró-europeu Trzaskowski, que pertence à Coalizão Cívica do primeiro-ministro Donald Tusk, permitiria a Tusk avançar com sua agenda reformista.
Nawrocki, por sua vez, vem do partido nacionalista conservador Lei e Justiça (PiS), assim como o atual presidente Duda, que bloqueou muitos projetos legislativos do governo com seu poder de veto.
Durante seu tempo no governo, o PiS esteve em conflito com Bruxelas devido à sua reforma judicial. Também criou atritos com Berlim ao exigir trilhões de euros em reparações pela Segunda Guerra Mundial.
Nawrocki está comprometido com o slogan "Polônia em primeiro lugar", rejeita a política climática e o pacote migratório da UE e é contrário à ajuda à Ucrânia.
Quem é
Karol Nawrocki, natural de Gdańsk (1983), Nawrocki obteve uma licenciatura em História pela Universidade desta cidade em 2008, seguida de um doutoramento em 2013. Possui também um MBA internacional da Universidade de Tecnologia de Gdańsk, que obteve em 2023.
Durante a campanha presidencial, os críticos de Nawrocki questionaram o seu papel como presidente do Instituto da Memória Nacional (IPN), uma organização encarregada de investigar e castigar crimes nazis e comunistas cometidos entre 1917 e 1990, o que lhe deu acesso a segredos de Estado de topo, incluindo os classificados ao abrigo de disposições especiais de segurança.
Nawrocki começou a trabalhar no IPN em 2009. Fez uma pausa de quatro anos, durante os quais foi diretor do Museu da Segunda Guerra Mundial em Gdańsk. Em 2021, regressou ao IPN como presidente.
Quando chegou à chefia do IPN, foi aprovado no processo de seleção pela Agência de Segurança Interna (ABW). Nos últimos dias da campanha, os meios de comunicação social afirmaram que os agentes da ABW deram inicialmente uma recomendação negativa a Nawrocki.
A avaliação acabou por ser rejeitada pelo então chefe da agência - um nomeado do PiS e conselheiro do atual Presidente Andrzej Duda. O PiS argumentou que a autorização era válida.
Em 2024, foi colocado numa lista de cidadãos polacos procurados pelo Ministério russo do Interior devido à sua presença no desmantelamento do Monumento de Gratidão ao Exército Vermelho em Glubczyce, em 2022.
(da redação com DW, DPA, AFP e Euro News. Edição: Política Real )