COP30: Carta dos Povo, paralela ao evento, divulga nota contra "falsas soluções" para o clima e com um apelo às autoridades mundiais por uma transição dos modos de produção global
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Com agências.
(Brasília-DF, 16/11/2025). Neste domingo, 16, em Belém, na Universidade Federal do Pará, foi finalizada a Cúpula dos Povos que divulgou documento se opondo a "falsas soluções" para o clima e com um apelo às autoridades mundiais por uma transição dos modos de produção global que garanta justiça, soberania e participação popular.
O encontro reuniu, desde o dia 12 de novembro, cerca de 20 mil participantes em uma programação paralela à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Além dos painéis, mesas redondas e atividades coletivas, a cúpula teve início com uma barqueata na Baía do Guajará, com a participação de 5 mil pessoas em 250 embarcações. O encontro também foi marcado por uma passeata que agregou outros movimentos e alcançou uma participação de 70 mil pessoas, afirmam os organizadores.
“As pessoas viram nessa mobilização popular a possibilidade de gritar mais alto, de gritar coletivamente perante o processo que está acontecendo no espaço oficial da COP30, de onde nós não podemos esperar as soluções que estão demorando demais", diz Darcy Frigo, integrante da Comissão Política da Cúpula do Clima.
"Nós gritamos aqui que quem tem a solução são os povos. E os povos dizem: 'nós somos a solução'”.
Uma declaração construída ao longo de dois anos por povos de todo o mundo e assinada por 1.109 organizações sociais e movimentos políticos foi lida neste domingo e entregue ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
Carta
No conteúdo, o documento repudia o modelo de produção global e todos os processos que seguem a sua lógica capitalista, como o da transição energética, das soluções apresentadas nas negociações formais das COPs e até mesmo do processo de multilateralismo adotado.
“A produção capitalista é a principal causa dessa crise do clima. E porque nós estamos dentro desse sistema, somos bombardeados com supostas soluções climáticas, que, na verdade, são falsas soluções", diz Thauane Nascimento, que também integra a Comissão Política da Cúpula do Clima.
"Então, a gente é totalmente contrário, contrárias, a qualquer falsa solução que é colocada como alternativa ao combate à crise climática. Essas soluções não irão cumprir o seu propósito”.
Segundo os organizadores da cúpula, o emprego de uma lógica em que o capital prevalece faz com que grandes empresas ocupem os espaços de tomada de decisão e estruturação de políticas públicas, de forma a propor essas “falsas soluções” como alternativas à crise climática.
“A gente entende que essa organização dos povos é o caminho, é o modelo para a solução dessa crise. Outra coisa que a gente quer também afirmar é que essa privatização, mercantilização, financiarização dos bens comuns, dos serviços públicos, elas são totalmente contrárias aos interesses do povo. Isso não é só aqui em Belém do Pará, isso não é só no Brasil, é no mundo inteiro”, reforça Thauane.
O texto final da cúpula lembra que as empresas transnacionais, a exemplo das indústrias de mineração, energia, armas, agronegócio e Big Techs, são as principais responsáveis pela catástrofe climática.
A carta pede a demarcação de terras indígenas e de outros povos; reforma agrária e fomento à agroecologia; fim do uso de combustíveis fósseis; financiamento público para uma transição justa, com taxação das corporações, agronegócio e dos mais ricos; e fim das guerras. Além disso, cobra maior participação dos povos.
“Cobramos que haja participação e protagonismo dos povos na construção de soluções climáticas, reconhecendo os saberes ancestrais. A multidiversidade de culturas e de cosmovisões, carrega sabedoria e conhecimentos ancestrais que os Estados devem reconhecer como referências para soluções às múltiplas crises que assolam a humanidade e a Mãe Natureza.
( da redação com informações da Ag. Brasil. Edição: Política Real)