31 de julho de 2025
OPINIÃO

Não pode ser pouca coisa, não!

Os partidos de centro-esquerda nunca tiveram ideias para enfrentar a criminalidade em imaginar a alta criminalidade.

Por Crime Organizado, lava Jato, inflação, Dilma Rousseff,, Crise de 1929,
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Não me venham com jaulas douradas! Foto: Pinterest

(Brasília-DF) Faz tempo que venho dizendo que o nosso maior problema não é essa besteirada de bolsonaristas e petistas se xingando nas redes sociais.

Muito antes da Latino Barômetro e a Cambridge University Press, editora acadêmica inglesa, informarem com estudos aos doutores e doutoras que entre 24% e 26% de nossa população vive em território controlado por facções, algo em torno de 50 milhões de brasileiros – já afirmava que nosso maior problema é a alta criminalidade 4.0. Essa turma é organizada. enquanto a sociedade e do Estado não se organizam.

Agora, até o mais desatento dos observadores avalia que esse assunto vai dominar todas as rodas. É como se não tivéssemos mais problemas como custo de vida, educacionais e de saúde pública, que sempre dominaram as preocupações gerais.  Vai se dizer a torto e a direito que não temos mais coisas pois somos tragados pelo crime.  Vai se dizer que não temos educação, saúde e preços baixos por conta do crime.

Exageros à parte, o crime dominando território onde moram 50 milhões de pessoas, a população de diversos países, não há como negar que tem proeminência.

Os partidos de centro-esquerda nunca tiveram ideias para enfrentar a criminalidade em imaginar a alta criminalidade. As ideias da centro-direita e dos superconservadores nunca se sustentaram, apesar de em algum momento agradarem parte da população. Puro voluntarismo frente a inação daqueles.   Entre o nada e o alguma coisa, a população dava atenção ao “alguma coisa”.

Chegamos em um momento em que não dá mais para ficar na inação e no “qualquer coisa”.

Hoje, ninguém duvida que vai ser o grande assunto da campanha presidencial de 2026. 

É inegável que isso é ruim para o Governo Federal e o Governo Lula 3. Seus adversários tem alguma coisa e ele nada. 

Tudo indica que a nova leva de programas sociais, o aperfeiçoamento de alguma coisa já existente, a esperada redução da inflação em 2026, a tendência da reducão do juro Selic e do juro real, a tendência da queda do dólar vão ajudar o Governo, mas existe um sentimento geral de que o crime ganha com isso também.

O antipetismo é forte no país e as pessoas que não se envolvem na polarização, que é a maioria da população, mesmo beneficiária de algum sucesso do Governo deverá ser arrastada pelo debate do enfrentamento do crime organizado.

O que está acontecendo no Chile, uma país com cara da classe média, é um indicativo do que a crise de segurança pública pode causar. Os índices, e o envolvimento na sociedade, do crime organizado é muito menos que o nosso. 

A ditadura de 20 anos não caiu porque se buscava votar para presidente da República, mas por conta da crise inflacionária que ridicularizou os militares. Dilma Rousseff caiu não foi por dizer que era para engarrafar vento e pela moralidade da Lava Jato, mas por conta da crise econômica que fez nossa economia cair mais que na crise de 1929.

A crise atual vai além da questão econômica. Os que não embarcam na besteirada de bolsonaristas-petistas, que vivem à beira do pleno emprego, querem segurança para ele, seus filhos e netos.

A oposição tem a seu favor a incompetência dos governistas, talvez nas falas, mais que nos atos.  Os governistas que são craques em apresentar soluções de Estado para problemas de toda ordem, agora vão tem que inventar algo. Não pode ser pouca coisa, não!

Por Genésio Araújo Jr, jornalistas

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