31 de julho de 2025
Brasil e Poder

Em meio a negociação de cessar fogo, ataque de Israel perto de centro de distribuição de ajuda em Gaza mata dezenas e fere mais de centena de pessoas

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( Publicada originalmente às 08h 55 do dia 01/06/2025) 

Com agências

(Brasília-DF, 02/05/2025) Em meio a uma negociação de cessar fogo, patrocinada pela administração Donald Trump, que Israel aceitou com direito a contraproposta do Hamas surge mais um ataque.

Neste domingo, 1º de junho, trinta e um mortos e 150 feridos teriam sido atingidos por  ataque de tanque israelense perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária em Rafah, no sul de Gaza. São relatos de médicos, moradores e do ministério da Saúde, administrado pelo Hamas.

Ibrahim Abu Saoud, uma testemunha ocular, disse a AP que as forças israelitas abriram fogo contra as pessoas que se dirigiam para o centro de distribuição de ajuda.

"Houve muitos mártires, incluindo mulheres", disse o residente de 40 anos. "Estávamos a cerca de 300 metros dos militares".

Abu Saoud disse que viu muitas pessoas com ferimentos de bala, incluindo um jovem que, segundo ele, morreu no local. "Não pudemos ajudá-lo", disse ele.

Mohammed Abu Teaima, 33 anos, disse a. AP que viu as forças israelitas abrirem fogo e matarem o seu primo e outra mulher quando se dirigiam para o centro. Segundo ele, o primo foi atingido no peito e morreu no local. Muitos outros ficaram feridos, incluindo o seu cunhado, disse.

"Abriram fogo pesado diretamente contra nós", disse ele enquanto esperava no exterior do hospital de campanha da Cruz Vermelha por notícias do seu familiar ferido.

Mohamed Ghareeb, jornalista em Rafah, disse à BBC que milhares de palestinos estavam reunidos perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária apoiado pelos EUA nesteo domingo, quando tanques israelenses apareceram e abriram fogo contra a multidão.

Jornalistas e ativistas compartilharam imagens de corpos e feridos sendo transportados em carroças puxadas por burros para o hospital de campanha do Crescente Vermelha na área de Al-Mawasi, em Rafah, já que as equipes de resgate não conseguiram chegar ao local.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) declararam não saber "se houve vítimas devido aos disparos" de suas tropas nas proximidades do centro de distribuição de ajuda humanitária de Rafah.

"O assunto ainda está sob análise", disseram autoridades militares israelenses em um comunicado.

Em sua mais recente atualização sobre o assunto, as Forças de Defesa de Israel disseram que suas tropas "eliminaram dezenas de terroristas" e "desmantelaram aproximadamente 100 alvos de infraestrutura terrorista" em Khan Younis.

Tropas israelenses identificaram e atacaram "três terroristas que transportavam explosivos", afirma a IDF.

Eles também "localizaram e desmantelaram uma rota subterrânea para um túnel terrorista com aproximadamente 30 metros de profundidade e 700 metros de comprimento" na mesma área, afirma.

Khan Younis está localizada no sul da Faixa de Gaza, ao norte de Rafah, de onde vêm os relatos do incidente de domingo em um ponto de distribuição de ajuda humanitária.

Órgãos de imprensa têm dificuldades de confirmar os números que estão sendo divulgados devido às condições limitadas impostas por Israel para jornalistas internacionais de organizações de mídia, o que inclui a BBC.

Israel não permite acesso independente ao território palestino, o que dificulta a verificação dos fatos.

O exército israelense afirma que suas tropas levam jornalistas em viagens escoltadas em Gaza para que pudessem reportar com segurança.

Jornalistas e profissionais da mídia palestinos têm reportado de dentro de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em outubro, mas dezenas foram mortos, feridos ou estão desaparecidos.

O jornalista Mohamed Ghareeb disse à BBC que uma multidão de palestinos se reunia perto da rotatória de Al-Alam por volta das 4h30, horário local (11h30 de sábado, no horário de Brasília), perto do centro de ajuda administrado pela controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglies), pouco antes de tanques israelenses aparecerem e abrirem fogo.

"Os mortos e feridos permaneceram no chão por um longo tempo", disse Ghareeb.

"As equipes de resgate não conseguiram acessar a área, que está sob controle israelense. Isso forçou os moradores a usar carroças puxadas por burros para transportar as vítimas para o hospital de campanha."

O centro de saúde também anunciou que estão sendo feitos esforços para transferir os feridos para o Hospital Nasser, em Khan Younis, para tratamento adicional.

O porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Bassal, disse à AFP que mais de 100 pessoas ficaram feridas "devido a tiros de veículos israelenses que atingiram milhares de cidadãos".

O incidente destaca as condições humanitárias em Rafah, onde as recentes operações militares israelenses limitaram severamente o acesso à ajuda e aos serviços de emergência.

( da redação com informações da BBC, DW e AP.  Edição: Política Real)