O vencedor e as regiões
Boa parte dos agentes econômicos sonharam no início do processo eleitoral que seria melhor que o próximo presidente não fosse nem Lula e nem Bolsonaro, mas eles fracassaram
(Brasília-DF) Mais de 156 milhões de brasileiros e brasileiras estavam aptos para votar nas eleições deste domingo.
Quem me acompanha a mais tempo sabe que tenho por hábito dizer que o Brasil nasceu no Nordeste, tem seu coração nas Minas Gerais, motor em São Paulo e a alma no Rio de Janeiro. Pode parecer presunçoso, mas vejo as outras regiões de nosso país como coadjuvantes no jogo político, apesar de suas notáveis relevâncias para a formação de nosso povo, gente e território.
O Norte como referência da Hileia, como dizia Alexander Von Humbolt, o famoso naturalista alemão, o Centro-oeste com o agro e a capital do Brasil ou o Sul com sua importância econômica e histórica desde a Guerra do Paraguai e depois com o Mercosul. Na política, para horror dessa gente brasileira, essas regiões nunca conseguiram ser decisivas. Nesta eleição nacional histórica que temos pela frente, qual poderá se encerrar em primeiro turno ou seguir adiante - estamos notavelmente enfrentando(?!) o nosso Brasil e suas vicissitudes, formação.
Para horror, também, de quem tanto fala mal de nossa Constituição e instituições conseguimos ao longo de nossa história criarmos algumas seguranças. Primeiro, nenhum presidente se elege com minoria qualificada de votos, seja em primeiro ou segundo turno, sempre vai ser com 50% mais 1 dos votos. Não tem essa de legalidade que não tenha legitimidade. Quem tem a maioria será o presidente de todos os brasileiros, mesmo que ao longo do mandato não o seja.
Outra coisa, presidente e vice-presidente são fruto da mesma formação política, mesmo que depois se dividam, mas são fruto de um único arranjo político. No Brasil, depois do que vivemos, se dá conta, e muito, da formação da dupla. Isso ficou evidente nesta eleição de 2022.
O que for eleito(a) neste domingo,02, ou que se credenciará para conseguir sucesso no final do mês, até porque, tradicionalmente, quem larga na frente sempre venceu no segunda volta de votações, novamente, vai enfrentar o fato de que não é o presidente que agrada todas as regiões. Se as pesquisas estão certas, minimamente, se Bolsonaro vercer(o que parece pouco provável, agora) a região Nordeste poderia dizer que ele não é o seu presidente, se Lula vencer, o Sul poderia afirmar que ele não é seu presidente? Claro que não.
Os brasileiros das regiões mais importantes politicamente, como dito acima - Nordeste, Minas, São Paulo e Rio de Janeiro - terão uma responsabilidade frente ao país e frente as necessidades que se apresentam neste momento planetário de mudanças, pós-covid e pós guerra Rússia-Ucrânia. As lideranças dessas regiões e estados tem a obrigação de trabalhar, seja qual for o eleito, para que o país siga adiante.
Boa parte dos agentes econômicos sonharam no início do processo eleitoral que seria melhor que o próximo presidente não fosse nem Lula e nem Bolsonaro, mas eles fracassaram, o que já era historicamente esperado, mas se o Brasil tende a ficar bipartido cabe as lideranças minimamente equilibradas trabalharem que a fratura não fique exposta por muito tempo.
Bolsonaro parece ter se afastado do Centrão, seu fiador político neste momento, mas tende a depender mais ainda dele num segundo mandato. Lula esboçou a olhos vistos uma frente ampla que não dará espaço para radicalidades. Ao final desse processo eletivo, que poderia ser neste domingo,02, cabe ao Centrão ou a Frente Ampla esboçada assumir a tarefa de orientar o eleito(a) a mostrar para as regiões brasileiras que se sentiram deixadas de lado que isso não ocorrerá, na prática.
O Brasil precisa voltar a caminhar, andar, avançar, sabendo onde vai chegar !
Por Genésio Araújo Jr. Jornalista
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