31 de julho de 2025
OPINIÃO

Líderes precisam chorar com seu povo!

É comum vermos chefes políticos chorarem ou se postarem ao lado de caixões dos seus para só depois falar de apoio econômico

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Presidente Bolsonaro( Foto: arquivo)

(Brasília-DF) Chegamos a última semana de fevereiro, o ano mais curto do ano e não veremos nenhum alcaide entregando a chave de sua cidade, relevante no mundo carnavalesco nacional, a um Rei Momo ou uma Rainha do Carnaval. Deveremos terminar a semana contando mortos na tragédia brasileira em Petrópolis, cidade imperial lá no Rio de Janeiro.

Algum cínico poderá até dizer que era previsível, que já aconteceu algo parecido, isso ou aquilo. Enquanto existir inferno, a obra de Dante, a obra de Goethe e o Velho Testamento vamos ter espaço para essa gente!

Estamos começando a semana, mas ainda bate firme as imagens do presidente Jair Bolsonaro depois de sobrevoar Petrópolis falando que viu uma imagem de guerra e dizendo que seu governo iria dar isso e aquilo para atender; teve presidente da Caixa dizendo que iria liberar dinheiro do FGTS, dinheiro do trabalhador, como se fosse grande coisa. Antes de seguir adiante é preciso lembrar alguns episódios marcantes.

O primeiro ministro britânico Winston Churchill, sem alarde, marcou época depois de visitar os escombros após bombardeios nazistas na Londres de 1.940 - era visto com lágrimas nos olhos ao entrar em seu Bentley, deixando os locais.

Barack Obama, ex-presidente do EUA, claro, em 5 de janeiro de 2016, começou a chorar durante seu discurso dedicado a uma nova lei de armas dos EUA. Obama lembrou o massacre na Escola Primária Sandy Hook, na qual 20 crianças foram mortas. Ele foi visto chorando muitas vezes durante seus mandatos.

Elizabeth II, Rainha da Grã-Bretanha, considerada uma rocha, foi vista em 17 de maio de 2016, às lágrimas durante a cerimônia em homenagem aos soldados mortos do Regimento Duque de Lancaster.

George W.Bush, também ex-presidente dos EUA, foi visto chorando, em 11 de janeiro de 2007, durante homenagem ao marinheiro norte-americano Jason Dunham, morto no Iraque cobrindo uma granada inimiga para salvar seus companheiros soldados.

Poderia aqui enumerar episódios à beça de líderes, seja de nações seja de currutelas espalhadas pelo interior deste imenso Brasil que, ao saber de mortes e tragédias, que assolaram seus liderados ou cidadãos, primeiro lhes prestavam a digna solidariedade para só depois falar na pecúnia que ajuda e ampara.

É comum vermos chefes políticos chorarem ou se postarem ao lado de caixões dos seus para só depois falar de apoio econômico. Quem tem coração no peito sabe que um abraço e não notas de reais enxugam lágrimas.

Durante a pandemia, no seu auge, nunca se viu o nosso presidente Bolsonaro ir num local onde se derrama pranto por alguém que partiu atingido pelo vírus que ainda assola nosso planeta. Alguém, em nome do jogo bobo do poder menor, poderia alegar que seria para não dar satisfação aos governadores com quem entrou em rota de colisão.

Mas nesse caso de Petrópolis, vem firme o questionamento: por qual razão Bolsonaro não andou no meio do povo daquela cidade abraçando sua gente sofrida?  Por qual razão, Meu Deus, ele não foi na área onde são informados e identificados os mortos da tragédia?!

Os poderosos são antes de tudo gente e são tanto mais dignos quando se identificam com sua gente, especialmente em momento de intensa dor.  Triste de um povo que tem líderes que não sabem chorar com seu povo, infelizmente!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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