Cruel imprevisibilidade
produtividade de janeiro e fevereiro vai ser fortemente atingida
(Brasília-DF) Estamos chegando a última semana de janeiro, aquele mês, lembra, que já disse(escrevi), não por vontade unilateral, mas atendendo uma tradição – não se deve dar muita atenção. Pois bem, chegamos aqui tendo que lidar com fatos externos que vão influenciar o mês de fevereiro e o próprio primeiro trimestre do breve, e longo, 2022.
A variante Ômicron está tomando de conta do país e apesar de estarmos com quase 70% de nossa gente vacinada os casos de (re)contaminação não param de impressionar. Na terça-feira,18, chegamos ao maior números de contaminados em 24 horas desde o início da pandemia: 204.854 casos. De lá até o início do final de semana os casos baixaram pouco e o consórcio de veículos de comunicação divulgou que chegamos nesse sábado, 22 de janeiro, a 202.466 casos confirmados.
A tendência, pelo que se viu noutros países, é o que o pico da variante Ômicron seja de 6 semanas; num país do tamanho do nosso onde regiões são mais vacinadas que outras, tem gente arriscando dizer que o pico de casos só se encerre ao final de fevereiro, pois a Ômicron chegou em meados de dezembro ao nosso país, estima-se.
Bem, o que se observa disso é que mesmo matando menos ela atinge fortemente as vias aéreas superiores. Na prática, está lotando atendimento de prontos-socorros. Brasília, capital de alta renda, até hospitais boutiques estão tendo filas de hospitais públicos.
Os especialistas dizem que a alta contaminação da variante está gerando recontaminação nos já vacinados. Eles dizem que a primeira geração de vacinas contra o covid-19 não foi feita para deter contaminação, mas para evitar casos graves e internação. Isso, de fato, estamos vendo, mas o golpe na economia já foi dado.
A produtividade de janeiro e fevereiro vai ser fortemente atingida. Já se sabe que mais de 5 mil lojas em shoppings não funcionaram direito em janeiro por conta da ausência de trabalhadores e colaboradores. Os 22 dias uteis de um mês comercial não estão passando de 17, no barato, e 15, no caro.
Para completar, no final do mês os Estados vão retornar a cobrar o ICMS sobre combustíveis e gás, depois de esperarem que o Governo Federal apresentasse uma proposta de negociação, que não veio. Os bancos internacionais estimam o barril de petróleo brent em US$ 100, agora em fevereiro. A gasolina a R$ 8,00 é uma realidade evidente, infelizmente.
O presidente Bolsonaro promete apresentar Proposta de Emenda Constitucional(PEC) renunciando a R$ 57 bilhões em impostos nos combustíveis para obrigar os governadores a entrar no enfrentamento, correndo-se o risco criar uma embaraço fiscal sem precedentes.
Problemas externos vão exigir reações bem próprias de nosso momento histórico: imprevisíveis. Nada pior que a imprevisibilidade.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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