Faltam 333 dias
Essa imaginada “Pax Brasilienses” é, infelizmente, uma quimera talvez fruto das angústias que a pandemia nos gera aos montes
(Brasília-DF) No dia 2 de fevereiro de 2021 os apaixonados pelo bolsonarismo e os que esperam um período de menos atritos na cena nacional se uniram, em um pouco provável consórcio, para comemorar.
O primeiro grupo por se livrar da influência do deputado Rodrigo Maia(DEM-RJ), visto como um empecilho às pautas do bolsonarismo.
Os outros pois contam que o centrismo pró-Bolsonaro possa tocar, minimamente, pautas, não obrigatoriamente bolsonaristas, mas importantes à retomada do crescimento econômico dentro e pós-pandemia. Não existem entre esses, menos que naqueles, sonhos de que os novos chefes do legislativo serão reformistas como eles desejariam, avançando no desinvestimento e nas privatizações, talvez, no máximo, parcerias públicos privadas.
Enfim, pelos mesmos motivos vemos gente tão diferente pensando que terão as mesmas coisas. Improvável imaginar que isso possa dar certo, em outros locais do mundo, mas a tradição brasileira de que objetivos diversos se unam para os mesmos fins possa acontecer é uma realidade.
Essa imaginada “Pax Brasilienses” é, infelizmente, uma quimera talvez fruto das angústias que a pandemia nos gera aos montes. Estamos querendo tanto nos livrar desses dias infernais que, a todo momento, buscamos soluções médias e longas para tamanho sofrimento. Nesses dias estamos enlevados e emocionados em ver nosso “experientes” sendo vacinados em algumas cidades(nem todas), vendo testemunhos também emocionados de filhos e netos sobre a satisfação de ver seus queridos sendo pouco a pouco imunizados. Isso fez, até, que o Governo mudasse radicalmente sua postura para arrumar mais e mais vacinas, como se algum dia não tivesse tido outra postura.
Os novos poderosos vão se aproveitar desse momento de estupor do bolsonarismo para colocar para funcionar seus interesses se aproveitando que os apaixonados do presidente estão silentes enquanto as esquerdas comemoram o fim da Lava Jato e as dificuldades de Sérgio Moro e Deltan Dellagnol. Não tenha dúvidas que mudanças legais vão ser montadas para minorar a força fiscalizatória do Ministério Público sob o argumento de que os excessos devem ser podados no futuro.
Os grandes empresários nacionais e internacionais que apostaram em Bolsonaro estão sem paciência, pois temem que as previsões das consultorias e do próprio mercado não confirmem a retomada esperada. Essa turma está perdendo dinheiro, apesar dos números recentes do Bradesco. Paciência tem limite. Fala-se no mercado que eles vão esperar até o meio do ano para começar a apostar em um nome de centro para colocarem sua fichas, mas sem brigar, claro, com Bolsonaro.
São grandes as dificuldades das esquerdas e da parcela do centro democrático que foram derrotados no dia 1º de fevereiro de 2021 na mesma proporção da arrogância bolsonarista de que eles não terão adversário em 2022. Pessimismo e arrogância não são bons conselheiros.
Os novos poderosos do parlamento não vão se contentar com pouco ao palmilhar o caminho de Bolsonaro à reeleição. Se Bolsonaro acha ruim lidar com o General Mourão que se prepare, pois eles vão querer a vice-presidência da República, em 2022. Bolsonaro já deu sinais de que precisa de um psicólogo(ou seria um psiquiatra?) para lidar com sua mania de perseguição.
Aqui se faz jornalismo e não prestidigitação! Bolsonaro, se for assim, teria data certa para brigar com seus novos sócios, pois a partir de 2 de janeiro de 2022 já vai ser falar abertamente do nome do centrão para ocupar a Vice-Presidência da República. Daquele 2 de fevereiro até lá serão percorridos 333 dias.
Serão dias longos para uns, e rápidos e angustiantes para outros. Torço que todos estejamos, superando a pandemia, vivos para ver o que vai dar!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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