31 de julho de 2025
OPINIÃO

Os finados da pandemia!

O Dia de Todos os Santos e o Finados inauguram um mês único, sob todos os aspectos, e não vamos abordar aqui eleição norte-americana, crise inflacionária, fiscal, do emprego ou outras mais

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(Brasília-DF)  Estamos começando o mês de novembro. Mês do início do frio no hemisfério norte e de chuvas no hemisfério sul. Começa com o Dia de Todos os Santos ,que é bem visto pelo anglo-saxões do norte, e o Dia dos Fiéis Defuntos, Dia dos Finados, Dia dos Mortos muito destacado entre católicos, respeitado pelo espíritas que tem grande força no Brasil. É um mês que nos obriga sermos respeitosos, conspícuos e contritos.

Chegamos a essa data com 160 mil mortos pela pandemia do covid-19 e 5,5 milhões de infectados, aqui em nosso país.  Ainda bem que as mortes diminuíram, a possível segunda onda ainda não chegou por aqui com a força que está obrigando lockdowns na França, Alemanha e, agora, Reino Unido. Tudo indica que a possível chegada da segunda onda, no Brasil, vai coincidir com a chegada de vacinas contra o covid-19. É o que autoridades médicas, e não afoitos políticos, já anunciam.  A Organização Mundial da Saúde(OMS) defende que chegando a vacina, efetiva, se deve vacinar alguns em todos os países e não todos em um único país.

O Dia de Todos os Santos e o Finados inauguram um mês único, sob todos os aspectos, e não vamos abordar aqui eleição norte-americana, crise inflacionária, fiscal, do emprego ou outras mais.  Mas, sim, o advento da perda, da ausência, da saudade que isso tudo representa.

O nosso presidente da República, Jair Bolsonaro, começou tratando a pandemia como uma “gripezinha”. Ele tentou convencer que a morte era inevitável, que um dia ela chegaria a todos. Depois de um tempo, eventualmente, ele tratou de falar das perdas, mas não como o prato principal da conversa e, sim, como entrada para outros assuntos, que, infelizmente, ele colocava como mais severo, como se existisse algo mais importante que viver!

As pessoas que perderam seus  parentes com essa pandemia não puderam se despedir de seus queridos, os enterros ou cremações, não era velados. Se fizermos uma projeção, em conta de padeiro, estima-se que perto de 1 milhão de pessoas no Brasil(6 pessoas em cada núcleo familiar) foram diretamente impactadas com a dor da perda. Não resta dúvida que essa conta é muito maior.

Neste Dia de Finados os brasileiros, mais que um feriado onde não se trabalha, será um tempo, arrisco dizer,  para lembrar do último morto na família, mesmo que ele não seja o mais célebre de todos. Certamente, ele foi o mais solitário, se tragado pela covid, a deixar esse tempo, esse mundo.  

O Presidente Jair Bolsonaro ganhou prestígio durante a pandemia, as pessoas morriam;  houve picos seguidos de mais de 1 mil mortes por dia em maio, porém as pessoas começavam a receber o auxílio emergencial. As pessoas perdiam seus parentes e aumentava a popularidade do Presidente.  Bizarro dizer, mas devemos ressaltar que popularidade de políticos sobem e descem - é bom lembrar que existe uma máxima popular bem cruel, mas latente e histórica: bocado comido, bocado esquecido!

O que fica é o eterno e não o precário. As pessoas, noutros dias dos mortos, como esses vão se lembrar daqueles que se foram e não puderam ser velados; tinha alguém que comandava o país no momento mais marcante do século, arrisco dizer, dizendo, ou se ausentando,  que tal morte era inevitável. É claro que aquela morte não era inevitável.

A sociedade brasileira já deu provas que nos impressiona com suas avaliações e decisões. É sabido que ao surgir tempos bons pela frente, de grande ventura, não raro, vemos o mal como purgações necessárias para ter os novos tempos – isso é típico da cultura cristã, majoritária por aqui. É necessário que isso venha para tal.  Infelizmente, não vemos a curto prazo o retorno da felicidade geral e irrestrita entre nós, sofregamente.

O Presidente Bolsonaro deverá ser cobrado por aquilo que é eterno e não o precário. Para ele, é bom que isso não seja posto, as perdas humanas insepultas de 2.020, em novembro de 2022.

Por Genésio Araújo Junior, jornalista

 

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