ESPECIAL DE FIM DE SEMANA – Entre turbulência, escândalos e esperanças, ministros e líderes partidários avaliam o primeiro mês do governo Michel Temer
A Agência de Notícias Política Real ouviu a opinião de políticos de vários estados, cargos e partidos
(Brasília-DF, 10/06/2016) Gravações denunciando figurões do PMDB; pedidos de prisão envolvendo inclusive os presidentes das duas Casas do Congresso Nacional; exonerações em duas semanas seguidas de dois ministros – Romero Jucá, do Planejamento, e Fabiano da Silveira, da Transparência; denúncias envolvendo outros ministros em escândalos (na Operação Lava Jato, são seis) e até organizações criminosas, como a secretária de Políticas das Mulheres, Fátima Pelaes; recuo constante de declarações – algumas absurdas - feitas por titulares de várias Pastas; protestos em peso de mulheres e da classe artística.
Foi este cenário turbulento que marcou o primeiro mês do novo governo federal - completa neste domingo, 12. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumiu interinamente a presidência da República após o Senado Federal aprovar, às 6h23 do dia 12 de maio deste ano, por 55 votos a favor e 22 contra, o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT).
Troca de poder
A petista se desceu a rampa do Palácio do Planalto por volta dos meio dia, e o peemedebista da pequena cidade de Tietê/São Paulo assumiu o poder da República por volta das 17 horas do mesmo dia, anunciando os novos ministros e metas.
De positivo, lideranças de partidos que apoiam o governo Temer, na Câmara e Senado, e até mesmo alguns agora na Oposição ao Planalto, apontam o anúncio da equipe econômica – que deu um pouco de tranquilidade e confiança ao mercado interno e no exterior. Outro ponto a favor de Temer é o poder de força da nova base governista no Congresso, que já conseguiu algumas vitórias para o Planalto. A Agência de Notícias Política Real caiu em campo para saber como líderes e ministros avaliam esse primeiros dias do novo governo, que publicamos a seguir.
Bruno Araújo - Lentidão
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, acha ainda cedo para avaliação. “Vamos precisar de mais de alguns dias de avaliação das condições da própria máquina (administrativa)”. Do ponto de vista de gestão, ele reclama da lentidão no acesso de acesso de dados e informações. “É muito mais lento do que nós gostaríamos”. Mas aposta em um reaquecimento da economia.
“Estamos numa fase ainda de diagnóstico e de discussão com a sociedade. Esperamos de forma coletiva acertar no crescimento da economia, nas medidas que provoque a geração de emprego e começar a decidir quais são as prioridades nacionais, baseadas nessa realidade, e apresentando ao País as falas promessas que foram assumidas ao longo do tempo.”
José Guimarães
Para o líder da Minoria na Câmara (que reúne todas as legendas que fazem Oposição ao novo governo – e que antes integravam a base de apoio do governo Dilma), deputado José Guimarães (PT-CE) "o governo provisório completa um mês e mostrou a sua verdadeira face”. O parlamentar, que foi Líder do Governo, disse que “o País está à deriva, depois que eles deram o golpe, pois todas as medidas que adotaram aprofundam a crise econômica e social.”
“Querem acabar com as políticas públicas na área social, por exemplo. Redução no Minha Casa, Minha Vida, no Mais Médicos, no ProUni e em tantas outras áreas são as consequências desse governo interino e ineficiente. Extinguiram ministérios importantes sem critérios, como é caso do Desenvolvimento Agrário; Mulheres; e Igualdade Racial para ficarmos apenas em alguns exemplos. É um governo do nada. A última pesquisa já mostrou que Temer não tem apoio popular, e o povo brasileiro sabe que foi enganado. E por isso vamos reverter o golpe na votação o Senado", reclamou o petista.
Pauderney Avelino
“O governo Temer está no caminho certo”, afirma, otimista, o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM). Segundo ele, Temer está tomando as medidas necessárias para trazer de volta a confiança no País. “Não é fácil porque o PT transformou o Brasil em terra arrasada”, se queixou o democrata.
“Conseguiu (o governo) aprovar medidas importantes na Câmara, entre elas a nova meta fiscal e prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União)”, apontou Avelino.
Paulinho da Força
O presidente nacional do Partido Solidariedade (SD), Paulo Pereira Silva (SP), o Paulinho da Força, reclama do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão constituído no âmbito do Banco Central do Brasil. “Infelizmente, o Copom continua se curvando aos especuladores. A decisão foi horrível para os trabalhadores.”
Segundo ele, “o novo governo perdeu uma ótima oportunidade de sinalizar, para o setor produtivo, que quer gerar emprego e renda. Manter as taxas de juros em níveis estratosféricos é uma forma de concentrar, cada vez mais, a renda nas mãos de banqueiros e especuladores.”
Mendonça Filho
“Eu acho que foi um mês muito conturbado”, admitiu o ministro da Educação, deputado Mendonça Filho (DEM-PE), atribuindo ao momento politico que o Pais vive. “O processo de impeachment de um presidente da Republica nunca é rotineiro”. Mesmo assim com todos os problemas internos e do País, o ministro avalia que o governo Temer está conseguindo avançar em alguns aspectos, como na área econômica.
“O governo tem sinalizando para a retomada da situação econômica, e da credibilidade, dentro e fora do País. Isso vai possibilitar que as politicas públicas atendam as necessidades da população brasileira, como educação, saúde, habitação e infraestrutura”, analisa o ministro. “Nossa expectativa é que esse processo possibilite o crescimento e a consolidação da politica econômica e avanços nos programas sociais.”
Genecias Noronha
O Líder do Solidariedade na Câmara, deputado Genecias Noronha (CE), revelou que as propostas do governo Temer estão afinadas com o que o partido defende no âmbito nacional.
“O Solidariedade defende a imediata redução da taxa de juros, a implementação de políticas que priorizem a retomada do investimento, o crescimento da economia, a geração de empregos, a redução da desigualdade social, o combate à pobreza e a distribuição de renda", acentuou.
(Por Gil Maranhão – Agência de Notícias Política Real. Edição: Genésio Jr.)