ESPECIAL DE FIM DE SEMANA- Cotado para ministro da Saúde, Manoel Junior defende financiamento adequado, gestão eficiente e combate à corrupção
Deputado da Paraíba integra a lista que o PMD entregou a Dilma e já se manifestou, em outras ocasiões, contra a recriação da CPFM
(Brasília-DF, 25/09/2015) O nome mais cotado para assumir o Ministério da Saúde, na reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff vai anunciar no início da próxima semana, é de um parlamentar da região Nordeste – deputado federal Manuel Junior (PMDB-PB).
Ele, que o integra o time de “queridinhos” da gestão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por sua vez, desafeto da presidente – pelo menos tem assim se manifestado e declarado abertamente à imprensa desde o dia 16 de julho passado.
Como forma de agradar o segundo maior partido da sua base aliada no Congresso Nacional para garantir a votação de projetos de interesses do governo, a exemplo do novo pacote de ajuste fiscal – e, principalmente a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) – e até mesmo amenizar a onda de impeachment que saiu das ruas e começa a ganhar corpo no Parlamento brasileiro, Dilma pretende entregar ao PMDB cinco ministérios. O da Saúde, que tem o maior orçamento, é um deles.
Junior já se declarou, em outras oportunidades, contrário à CPMF – imposto que, se aprovado, vai inclusive beneficiar o setor da Saúde. E também chegou a propor, em um evento, que Dilma renunciasse.
O nome do peemedebista da Paraíba e ainda dos deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Saraiva Felipe (PMDB-MG) – estão na lista tríplice que o líder da bancada do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), entregou no inicio da noite da última terça-feira, 22, nas idas-e-vindas de peemedebistas ao Palácio da Alvorada, minutos antes da votação dos vetos presidenciais na Sessão do Congresso que terminou na madrugada de quarta. O PMDB mostrou sua força e garantiu a manutenção de 26 dos 32 vetos apreciados.
Desde fevereiro, Manoel Junior – que foi cabo eleitoral no Nordeste da campanha de Cunha para a Presidência da Câmara – já assumiu o comando e relatorias de várias comissões. Atualmente está na coordenação da Comissão Externa da Seca no Semiárido Nordestino e é presidente da Comissão Mista (senadores e deputados) que analisa a Medida Provisória (MP 677/15), que trata da prorrogação dos contratos da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) no fornecimento de energia para indústrias do Nordeste.
Nesta entrevista concedida ao jornalista Gil Maranhão da Agência de Notícias Politica Real, Manoel Junior identifica os maiores problemas no setor da saúde brasileira, que o novo ministro deve ‘atacar’ – sendo ele ou não.
POLÍTICA REAL - Deputado, caso seja o seu nome confirmado, ou outro nome, o que o senhor acha que deve estar na pauta do novo ministro da Saúde?
MANOEL JR. – Eu quero dizer que nada foi definido ainda. A presidente Dilma vai anunciar tudo isso (novos ministros). E antes disso eu prefiro não fazer nenhum comentário. O partido fez a sua parte, fez as indicações. São nomes dos meus colegas, brilhantes colegas, que estão aí colocados e efetivamente, vamos aguardar os acontecimentos.
POLÍTICA REAL - O senhor se manifestou contra a CPMF e sugeriu que a presidente renunciasse. O senhor manteria a posição caso fosse escolhido ministro?
MANOEL JR. – Na verdade, nem foi uma coisa nem outra. Eu inclusive sou contra a CPMF, nos moldes que efetivamente foi colocada. Mas, como municipalista e cidadão que defende o Pacto Federativo, na hora que for gerada algum tipo de contribuição que possa ser compartilhada, ai eu sou favorável. Com relação à renúncia, também não foi nesse contexto. Eu estava fazendo uma análise dos países em que apolítica e a economia caminham sem atropelos, sem acidentes. E efetivamente eu disse que o momento do Brasil, naquele momento, há dois meses e meio atrás, era um momento extremamente conturbado. A economia ia mal, as relações políticas iam mal, e eu apenas fiz um comentário de que se fosse Manoel Junior (renunciaria). Não sugeri aí a renúncia da presidente.
POLÍTICA REAL - Governadores do Nordeste, recentemente, apresentaram uma alterativa à proposta da CPMF apresentada pelo governo (que é de 0,20%). Uma proposta de alíquota de 0,35%, que seria divida entre a União (0,20%) e os outros 0,18% entre estados e municípios. Como o senhor ver vessa proposta?
MANOEL JR. – Isso tudo será analisado no momento específico. Não serei eu que irei antecipar os fatos. Tudo aquilo que for compartilhado com os municípios e estados, que por ventura sirva para a Nação de forma coletiva e igual, e que venha ajudar o Brasil a sair da crise, eu sou favorável.
POLÍTICA REAL - A saúde hoje é um dos principais problemas do País. O que o senhor acha que o ministro da Saúde deveria atuar no momento e no futuro?
MANOEL JR. – Acho que a saúde vai muito mal. Em todos os setores ela tem dificuldades de financiamento. É um setor subfinanciado. O orçamento do Ministério da Saúde deveria ser muito maior do que é. Agora, agrava-se à isso, a questão da gestão e o ralo, muitas vezes, da corrupção. Esse três pontos são fundamentais, quando você tratar de saúde, uma coisa que é essencial à população, você precisa pensar nesse tripé: financiamento adequado, gestão eficiente e competente, e combate à corrupção.
POLÍTICA REAL - E isso tudo o novo ministro, Manoel Junior, vai tomar a frente?
MANOEL JR. – Não, não. Eu sou deputado.
(Por Gil Maranhão, para Agência Política Real – com participação de Edjalma Borges. Edição: Genésio Jr.)