31 de julho de 2025
Nordeste e Poder

ESPECIAL DE FIM DE SEMANA: Gastão Vieira diz conhecer entraves do Maranhão

Ex-ministro do Turismo assegura que o país criou condições para uma Copa inesquecível. Ele é candidato ao Senado e garante que sabe que o precisa ser resolvido rapidamente no Estado

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(Brasília-DF, 11/07/2014) Eleições e Copa do Mundo, ambas foram dois temas que se alternaram, nos últimos meses, na agenda do deputado federal e ex-ministro do Turismo, Gastão Vieira (PMDB-MA).  Após entregar o cargo de ministro à presidente Dilma ─ depois de quase três anos ─ para se candidatar à reeleição e disputar uma das 18 vagas na Câmara dos Deputados destinadas ao Estado do Maranhão, o parlamentar maranhense viu o seu nome, um mês depois, como pré-candidato ao Senado, o que foi confirmado na convenção do seu partido, realizada no final de junho.

Nesta entrevista exclusiva a Política Real, o ex-ministro Gastão Vieira ─ que integrou o Comitê da Copa ao lodo dos ministros do Esporte (Aldo Rebelo), da Justiça (José Eduardo Cardoso) e da então chefe da Casa Civil (Gleise Hoffmann) ─ fala da “construção” e organização da Copa no Brasil, do problema de gestão que o país enfrenta, e  de como pretende contribuir para a vitória da sua coligação.

Qual a avaliação que o senhor faz da convenção do PMDB no atual contexto político-eleitoral do Maranhão?

A convenção é o ato final do processo de escolha dos candidatos, portanto, mais do que um ato político é uma festa, onde líderes e liderados se encontram para festejar aqueles que foram escolhidos e para prometer muito trabalho.

Portanto, a convenção cumpriu exatamente esse papel com o registro das candidaturas, que é a etapa final que você tem de todo esse processo burocrático até começar a campanha.

Também foi um grande ato onde se demonstrou união do grupo, que os candidatos estão afinados com a população, que querem fazer uma campanha em paz, uma campanha agregadora, uma campanha que fale de esperança, que fale de futuro e que, acima de tudo, seja uma campanha muito alegre.

Agora tendo o seu nome definido como candidato a senador, como o senhor pretende colaborar para a vitória dessa coligação?

Eu tenho uma larga experiência nas questões do Maranhão e ao longo de todos esses anos, estou há mais de 40 anos como técnico, como político exercendo um conhecimento, uma discursão sobre os principais problemas do Maranhão, quero colocar essa experiência, principalmente na área de desenvolvimento de educação a serviço da minha coligação.

Pois é com a minha experiência administrativa, com o conhecimento que tenho das coisas do Maranhão, de seu processo de desenvolvimento, quais os entraves que o Estado enfrenta e precisam ser rapidamente resolvidos, que eu pretendo atuar bastante não só no aspecto político de convencimento de que a mudança que a população reclama pode e deve ser feita de dentro pra fora, ou seja, o nosso próprio grupo comandar um processo de mudança, colaborando com a discussão dos assuntos para iminente ter uma solução do Estado nos debates, nas palestras, nos encontros sob as mais diversas formas que se possa oferecer.

Enquanto ministro do Turismo, o senhor teve uma forte atuação para a realização da Copa do Mundo no Brasil. Já no final do mundial, o senhor acha que o evento superou a suas expectativas, principalmente nas questões relacionadas à infraestrutura (aeroportos, mobilidade urbana)?

Quem passou a pressão que nós passamos, digo nós o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, eu como ministro do Turismo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso e a chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, que formávamos o comitê da Copa, a responsabilidade do andamento de tudo, das obras, da segurança, tudo estava diretamente ligado aos nossos ministérios.

Eu olho pra trás e vejo que a linha que nós adotamos de acreditar que o país conseguiria tanto entregar os estádios, reformar os aeroportos, criar as condições necessárias para que a Copa do Mundo fosse inesquecível, a gente chega à conclusão que houve, sim, uma grande vitória.

Claro que isso não afasta os problemas, nós temos o problema de gestão, obras que atrasam, e atrasam porque é crônico o problema de gestão no Brasil, os administradores não conseguem resolver as coisas no tempo necessário e com custo estimado...

...Então, um dos problemas do brasil, é de gestão?

Temos problemas de gestão em todos os governos. Veja o elevado que caiu em Minas Gerais, terra do Aécio Neves, o Estado considerado um dos mais eficientes do ponto de vista administrativo e cai exatamente sobre a responsabilidade da prefeitura de Belo Horizonte, cujo prefeito é aclamado e indicado por todos como o técnico que virou politico com altíssima competência.

Portanto, é um problema geral do Brasil esses atrasos, essas intercorrências em obras, como tivemos no Itaquerão, em São Paulo, e agora estamos tendo em Minas Gerais. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Transcarioca esperada pelos moradores há 50 anos, só saiu em função da Copa, da pressão que a Copa fez sobre todos nós. Então eu creio que o saldo é extremamente positivo.

E o fluxo de turistas estrangeiros, foi o esperado, ou superou as estimativas? O que contribuiu para isso?

Nós estávamos esperando 600 mil turistas, 300 mil diretamente ligados à Copa, ou seja, viriam ao Brasil para assistir ao mundial e 300 mil que vêm ao Brasil normalmente nessa época do ano. Mas muitos desses que viriam ao Brasil nessa época do ano deixaram de vir em função exatamente da Copa e foram amplamente compensados pela vinda de milhares de turistas que não tinham ingresso, que não tinham hospedagem, que não tinham nada, mas que, mesmo assim vieram aproveitando as nossas fronteiras.

São os argentinos em primeiro lugar, quase a metade dos visitantes estrangeiros, uruguaios, colombianos, chilenos, os nossos vizinhos mexicanos também vieram em massa para o Brasil e descobriram um país alegre, hospitaleiro. Um país que tem infraestrutura para receber os turistas.

Não tivemos as tão famosas exorbitâncias dos preços das diárias e das passagens aéreas e tudo funcionou dentro desse espirito de confraternização, portanto, o primeiro legado da Copa que é aumentar a visibilidade do país e trazer turistas para o país, foi plenamente alcançado.

Todos os turistas que vieram querem voltar ao Brasil e amaram a cordialidade, o calor do povo brasileiro e é esse também mais um grande legado da Copa, é fazer com que os turistas que vieram para o mundial voltem, convidem os amigos e isso aumente o número de visitantes e o país possa sair desse patamar de seis milhões de turistas por ano que está muito aquém das possibilidades do povo brasileiro.

Agora falando como torcedor, o senhor tem um palpite de quem vai decidir essa copa? (Entrevista feita antes de o Brasil ter perdido para a Alemanha)

Como torcedor eu tenho que dizer que o Brasil está na final. É claro que, além de nosso time ainda não ter convencido os torcedores de que é capaz de chegar à final, dentro de um critério evidentemente técnico, na final estão seleções fortíssimas, seleções que demonstraram durante toda a Copa um futebol maravilhoso, espetacular, taticamente correto.

Nós perdemos Neymar, e isso foi uma perda psicológica muito grande porque nos acostumamos a  ver o Neymar como o jogador que resolve tudo, mas mesmo assim eu acredito que o Brasil, empurrado por essa torcida que canta o hino, que vibra, que tem a pátria dentro do coração, que nós vamos chegar sim na final, de preferência com a Holanda. 

Informações sobre o entrevistado

Gastão Vieira, 68 anos, é formado em direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É funcionário de carreira do Conselho Nacional de Conhecimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Filiou-se ao PMDB em 1985 e em 1986 foi eleito deputado estadual.

O parlamentar está em seu quinto mandato de deputado federal. Nas eleições de 2010, foi o mais votado no Maranhão, com mais de 134 mil votos. Exerceu ainda os cargos de Secretário de Educação e de Planejamento e Orçamento do Maranhão e foi Ministro do Turismo, durante quase três anos no governo Dilma Rousseff.

Ao ter seu nome oficializado como candidato ao Senado Federal, declarou que "esse é o maior momento da minha vida política. Trabalhei muito e esperei com paciência essa oportunidade de me tornar senador”.

(Por Gil Maranhão, especial para Agência Política Real, com edição de Valdeci Rodrigues)