Parece ruim? Só parece
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço
(Brasília-DF) Há quase vinte dias, às vésperas do Dia do Trabalho, especulei sobre as possibilidades de termos reviravoltas nesta loucura brasileira que foi a antecipação da corrida eleitoral de 2014.
Agora, tem muita gente boa com espaços qualificados dando conta de que o ex-presidente Lula poderá deixar de ser um grande cabo eleitoral para se transformar num efetivo jogador. Muito se falou do fato da Presidenta Dilma ter recebido um chá de cadeira do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, nesta semana. Tudo porque Maduro atrasou seu encontro com a Presidenta do Brasil para conversar com Lula, o atraso foi de duas sonoras horas.
Em seguida a isso, vimos o fiel PMDB passar recibo de que nada está bom na articulação do Palácio do Planalto.
Dizem, fontes, que a relação Dilma-Lula é inabalável. A Política Real confirma. Não há o menor risco dos dois se dividirem. Lula está ativo e vem mandando seus recados que em política falam de forma ensurdecedora. Um tremendo alarido.
Na verdade, o entrelaçado jogo entre a economia e a política no Brasil, que ficou mais vívido nos últimos anos, especialmente quando o Brasil passou a ser um jogador internacional respeitável, tem sido o verdadeiro monitor de nossas principais análises.
Nesta semana, tanto Guido Mantega, da Fazenda, como Tombini, do Banco Central, voltaram a dar declarações sobre a questão da inflação. É certo que os índices vão cair. No Nordeste, em particular, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que não existe impasse no Proinveste. O governador do Piauí, Wilson Martins(PSB), que andava ressabiado esteve com ele e foi descobrir onde estava o entrave. O governador Jaques Wagner, da Bahia, confirma que deverá receber mais de R$ 560 milhões da primeira parcela do programa. Outros devem contratar logo.
O segundo semestre vai garantir contratações e antecipações de compras para o ano que vem na indústria, que já anunciou um leve aumento do emprego no setor. A MP dos Portos, mesmo sem tudo o que o Governo Federal quer, deverá gerar frutos, seja com sua aprovação, ou não. O interessante é que ao final do terceiro trimestre, não por acaso ,vem com uma data fundamental para a política, setembro – o Governo pode comemorar ou lamentar.
A verdade é que a crise econômica internacional tem duas referências importantes no Brasil. A “Crise de 29” foi fundamental para que Getúlio Vargas aplicasse sua “ Revolução de 30” e derrotasse Washington Luiz, porém não foram suficientes as crises da Rússia, México e Coréia para derrotar Fernando Henrique Cardoso, que aplicou a terceira derrota em Lula, em 98. O PT sabe que não tem porque se apavorar. A crise parece muito mais focada na Zona do Euro - a China e os Estados Unidos devem dar algum fôlego à economia internacional, com isso a garantia do emprego no Brasil dá ao partido da Presidenta alguma tranquilidade.
O ambiente político é pior que o ambiente real. A insistência do Palácio do Planalto de impor limites ao lucro das empresas permite que o ambiente político se contamine mais ainda.
Dilma está viva e Lula está pronto no banco de reservas. A oposição tem com o que se preocupar se nada de novo acontecer.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
e-mail: [email protected]