O momento da oposição
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço
( Brasília-DF) A semana passada foi marcada pela ocupação de espaço empreendida pelas chamadas oposições nacionais.
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos - que ainda não pode ser colocado nesse nicho, apesar da postura crítica – andou pelo Brasil falando e conversando. Foi a São Paulo, Rio Grande do Sul e, também, aos Estados Unidos.
Aqui em Brasília, o senador Aécio Neves(PSDB-MG) esteve na convenção nacional do Partido Progressista(PP), disse da sintonia com gente do PP, mais até com que tem com filiados do seu PSDB. Disse que os dois partidos deveriam caminhar juntos. Uma verdadeira “cantada política”, como reconheceu o VP dos progressistas, Mário Negromonte(BA)
Ele foi, também, na Conferência Nacional do Partido Popular Socialista(PPS), participar da abertura do seminário “ A Esquerda Democrática Pensa o Brasil”. Também disse da tradição da união PSDB e PPS.
Na sexta-feira, 12, o ex-governador José Serra(PSDB-SP) também esteve no evento do PPS. Fez discurso de candidato, exibiu bom humor, coisa que não é seu forte, torpedeou Lula e Dilma, mas disse que não estava se colocando.
Sobre o Nordeste, em si, chamou atenção os movimentos e declarações de Serra. Ele, ao falar dos grandes problemas nacionais, ao destacar os graves defaults econômicos que o país vive, fez questão de ressaltar no ponto “inépcia” do Governo Federal as chamadas obras malfeitas. Ele listou os “dedazos” do ex-Presidente Lula, como a Transposição do São Francisco, a Transnordestina e a Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. Ele não criticou as obras, criticou sua má condução.
Serra disse que a entrada de Eduardo Campos era muito importante para a disputa presidencial de 2014, mas, por outro lado, não disse que era tudo, mas, sim, importante. Dando entender que se precisava de mais candidaturas para garantir um segundo turno. Serra salientou que mesmo com as vantagens circunstanciais do Governo Lula em 2010, mesmo assim, ele teve 44% dos votos.
Foi categórico em dizer que a derrota fundamental foi no Nordeste, e revelou a convicção de que poderia ter sido melhor se tivesse havido mais articulação.
Serra, evidente, tem mais conteúdo que Aécio Neves. Aécio agrega mais de Serra. Eduardo Campos agrega ainda mais e tem bem mais conteúdo que Aécio. Serra vai entrar para a história como um homem de esquerda que teve que se refugiar na direita. Serra vai entrar para a história como o mais preparado para ser presidir a República e que acabou nunca sendo.
Com nosso modelo presidencialista, e a onda intervencionista-desenvolvimentista que domina o Mundo, as oposições brasileiras parecem não ter chance.
O grande problema é que essa gente não sabe falar para o povão e nem para a nova classe média, além das dificuldades para lidar com o jogo duro de quem está no poder. Os erros dos governos do PT na condução estratégica do Nordeste são flagrantes, porém não se vê nada além.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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