Duelo da Reforma Política
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço
(Brasília-DF) Estamos em abril, começamos o segundo trimestre do ano. Tradicionalmente, a partir daqui a economia melhora um pouco e tem seu pico no terceiro trimestre.
Não por a acaso, teremos no segundo semestre do ano momentos particularmente interessantes.
Até lá teremos clareza sobre a candidatura de Eduardo Campos, alguma união dentro do PSDB e uma concretude do “ Rede Sustentabilidade” . Bem, comecei estas maltraçadas e de uma hora passou-se para política. Parece conversa de doido, é bom lembrar - é aquele povo que uma hora está em Marte, outra hora está na Lua. Em tempos de Crise Mundial a economia-política, algo que ficou desaparecido durante os 50 anos de Guerra Fria e mais uma década de aparente vitória suprema do neoliberalismo, fruto do Consenso de Washington - marca quase todas as mais ajuizadas avaliações.
As coisas mudaram, apesar de muita gente boa insistir em dizer que não. Este abril será marcado pela retomada da Reforma Política. O PMDB, com apoio do PT, vai insistir para algum tipo de decisão. Poucas pessoas acreditam que venha algo que sirva às nossas demandas históricas medianas em torno do assunto, porém é a primeira vez que não vai se esperar por um texto de consenso. No voto, se for assim mesmo, tudo indica que a tal pauta mínima - que envolveria coincidência de mandatos, modelo belga de votação( lista partidária + votação nominal), fim das coligações proporcionais e a mais que polêmica questão do financiamento público – não deve prosperar. O PT, que está aliado ao PMDB nesta questão, quer o financiamento com dinheiro do Estado, mas o PMDB não tem maioria favorável clara.
Antes da antecipação eleitoral, o PSDB estava neste barco. Agora, a coisa mudou. O PSDB já não topa mais esta fornada. O PSB, colocando a cabeça de fora, não topa. O PSD, com a vida resolvida, está mais para os grandes. A maioria dos outros partidos não quer mais saber. Boa parte dessa reforma vai de votação simples, mas tem Proposta de Emenda Constitucional(PEC), que exige maioria qualificada - 308 votos.
Quando começou o julgamento conhecido como “Mensalão” também se acreditava que as condições legais não iriam gerar as condenações que vieram. Agora, não se esperam grandes mudanças, mas eles poderão vir.
Todos desejam mudanças profundas em nosso modelo político. O Presidencialismo de Coalizão parece ter chegado a um nível de exaustão que ainda não está claro se é mortal. Se sabe, sim, que muita coisa tem que mudar, e isso fica nítido com a incapacidade de renovação clara nos grandes partidos, a pouca presença dos jovens - corações novos e não só caras novas.
Se Dilma vem vencendo as batalhas com seus possíveis adversários, em 2014, como vem se vendo desde o Duelo-Sob-o-Sol-de-Serra-Talhada e que vem obrigando seus adversários a terem que dialogar entre si, tão somente, caso nada avance, nesta questão da Reforma Política, quem vence a disputa são o PSDB, PSB e o ainda inexistente “ Rede Sustentabilidade” . Apesar de se dizer que quando se está no poder não é bom que nada mude, no caso desta reforma apresentada qualquer meia tigela viria bem para Dilma.
O que chama atenção nisto tudo é como a política vem combinando com a economia.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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