31 de julho de 2025

O que fazer com Dona Democracia?!

A coluna de Genésio Araújo Junior é editada todos os domingos neste espaço

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( Brasília-DF) Estamos cheio de coisas urgentes.

Tem a questão da seca, que vai se intensificar neste ano, tanto é que a Presidenta Dilma estará em Fortaleza nessa terça-feira,02 de abril; temos a necessidade de se aprovar logo o novo FPE; tem a questão da inflação; do planejamento regional; tem as desonerações; tem o crescimento econômico setorizado via aumento da capacidade de endividamento.

Não falta, para nós do Nordeste, uma série de premências.  Porém, os jovens, muito tenros, não estão sendo devidamente lembrados que estamos vivendo, desde 1.985, o mais longo período de vida democrática no Brasil.

A República Velha era uma falácia democrática, com o voto a descoberto e sem o sufrágio feminino. Veio a “Revolução de 30” a Contra Revolução com o “Estado Novo” e a Constituição de 1936.  Foi um período longo até 1945. Começou a primeira redemocratização do Século 20, que durou de 1.946 até 1.964. Menos de 20 anos. Veio o Golpe.  Ficamos às escuras até 1979 com o fim do Ato Institucional no.5, quando se acendeu uma lamparina de fogo alto.  Veio à redemocratização efetiva com a eleição de Tancredo Neves, mesmo no colégio eleitoral.  Alguns acreditam que a redemocratização só teria vindo com a eleição da Constituinte de 1988 ou com a eleição presidencial de 1.989.  Em qualquer desses cenários, a partir de então, estamos vivendo o maior período de democracia no Brasil.

Para alguns parece chato ficar falando daquilo que já temos e que, por vezes, ainda não nos basta, meio que não sabemos o que fazer com ela, a Senhora Democracia. 

A Senhora Democracia parece para muito como aquela velha tia que ocupa aquele quarto do fundo da casa, foi importante e bela no passado, mas, agora, solteirona e com pouca grana, mal fala dos amores do passado e nem de longe tem aquela beleza, por vezes é chata( não recicla instituições), fala mal da vizinha liberal(preconceituosa), ainda coloca o lixo no ‘mato’( não regulamenta direitos difusos, como meio ambiente e gênero), cheia de presunção (moralismo), nunca arruma o quarto(se nega a fazer as reformas política, tributária, social, urbana, rural, federativa) mas que a família tem que cuidar pois tem vergonha de colocar para fora de casa.

Nesse domingo, 49 anos atrás - um 31 de Março de 1964 - os militares, provocados por boa parte da sociedade conservadora brasileira, tomaram o poder com o famoso  “Golpe Militar de 64”.

Os jovens que nunca usaram uma máquina de escrever e que pensam que nada existia antes do tablet, podem até acreditar que nada é pior que os dias de hoje sem internet de 20 megas para todos, porém fiquem certos, o caminho até aqui não foi fácil. Temos o que saber fazer com Senhora Democracia!

Os desafios são muito grandes, pois não existe o jogo fácil do bem contra o mal. O bem e o mal estão em todos os lugares e a cada opção mal feita se impõe um pagamento duro.

Num planeta cada vez mais competitivo e menos solidário, onde a crise do capitalismo não recebe uma resposta cabal dos que pensam contrário, nosso dilema frente ao desafio de reformar a nossa democracia parece tão severo, ou até mais, que os ainda ricos têm para provar que o modelo de capitalismo deles merece uma nova chance.  

Não duvidem que a Senhora Democracia(lembra a velha tia?!), ainda tem um sorriso iluminado que brilha ao sol do verão quando provocada.

Eis o mistério da fé.

Por Genésio Araújo Jr, é jornalista

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