Os hipócritas do poder
A coluna de Genésio Araújo Junior é editada todos os domingos neste espaço
( Brasília-DF) As mudanças anunciadas no Ministério de Dilma Rousseff e que ainda deverão vir ao longo da semana serão impossíveis de não serem vistas, mesmo que a Presidenta tenha tomado a decisão de querer fazê-las como se fossem a campanha clandestina do agora Presidente do Senado, Renan Calheiros(PMDB-AL), para o cargo que hoje ocupa.
As críticas feitas pelo “conselheiro” da Presidenta, o empresário multinacional Jorge Gerdau Johannpeter sobre a criação de mais um Ministério, a Secretaria Especial da Pequeno de Micro Empresa, se assemelham as que foram feitas pelo ex-ministro Antonio Delfim Neto, que foi conselheiro do ex-presidente Lula e um dos homens ouvidos pelo Mundo quando se trata de Brasil, simpático, até então, aos 10 anos de governos do PT. Delfim, no início do ano, fez duras críticas à política econômica implementada(?!) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Tudo isso são indicativos de que os “Donos do Brasil” não estão satisfeitos com o que estão vendo.
Dilma está sendo obrigada a se socorrer da Política(ou seria da política?) para que seu governo não fique velho antes do tempo.
Desconfia-se quando os “Donos do Brasil” decidem que as coisas mudem de qualquer jeito. É legítimo que os poderosos assim como o “chão da fábrica” queiram que as coisas mudem. As coisas devem mudar. As crises servem para isto. É nítido que todos os grupos políticos estão buscando se valorizar neste momento difícil em que se têm mais dúvidas do que certezas sobre o futuro do país, particularmente, o futuro de nossa economia. Um país com tantos jovens e tantas demandas de superestrutura(educação, qualificação, tecnologia, recursos sociais mais qualificados, etc), em pleno desenvolvimento e com um claro papel planetário, assusta não só seus dirigentes como os líderes mundiais.
Os pré-candidatos à Presidência da República dificilmente teriam condições de fazer políticas diversas a que a Presidenta Dilma vem fazendo. Marina Silva certamente é a menos qualificada para tocar este Brasil, diverso, múltiplo e grande que vemos hoje. Aécio Neves e Eduardo Campos, aparentemente, são mais qualificados, pois são políticos profissionais.
Quanto à composição de seus possíveis governos, para angústia de Gerdau, todos teriam que usar cargos na administração para ajustar suas conduções à natural exigência da governabilidade que os grandes partidos impõem. Se o PT é criticado ao dar um Ministério para um partido minúsculo e histórico como o PC do B, o PSDB teria que fazer o mesmo com o minúsculo, histórico e fiel PPS. Eduardo Campos faria o mesmo com diversos outros partidos. A Presidenta Dilma mesmo querendo fazer política como se não o fizesse, voltou a defender a governabilidade e os partidos no discurso de posse dos novos colaboradores nesse sábado, 16, no Palácio do Planalto. É hipocrisia da grossa dizer que isso é um pecado.
Dilma errou ao demorar a mostrar para a população que política não é coisa vergonhosa. Gostem ou não vocês o que muda o Mundo é a política e não abstrações sobre como implementar as coisas sem o exercício do poder.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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