Dilma, PMDB e a jabuticaba
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Nesse último sábado, aqui em Brasília, o PMDB realizou sua convenção nacional com a presença da Presidenta Dilma Rousseff. Michel Temer vai continuar no comando mesmo sendo Vice Presidente da República.
A marca disso tudo foi mais um estágio da confirmação da antecipação eleitoral. Terminou o evento, e a maioria dos jornalistas, mesmo ouvindo juras de amor da Presidenta Dilma ao Vice Michel Temer, ressaltando qualidades e salientando uma parceria típica ao comparar com as “dobradinhas” – não resistiu em questioná-lo, porque não foi “cravado” na chapa de reeleição, em 2014.
O ambiente de eleição continuou forte. Foram aprovadas pela plenária dos convencionais 10 moções com destaque para três delas.
Uma provocada pela representação baiana, com problemas sérios com o PT, que pedia que o partido se comprometesse com a liberdade de imprensa e contra toda e qualquer iniciativa contra a liberdade de expressão. Era uma clara provocação a bandeira histórica do PT de regulamentação da mídia. Também vieram de representações peemedebistas, como a do Rio de Janeiro, com problemas de convivência com o PT, outras duas moções: uma, que cria a “intervenção branca” em caso de não lançamento de candidatura própria aos governos de Estado, e outra, com “intervenção branca” , também, em que não haja palanque duplo de apoio à candidatura de Presidência da República.
Os peemedebistas não vão ser acusados de colocar a eleição nas ruas, especialmente naquilo que são craques nos últimos anos: nos Estados. O PMDB é forte neste modelo nacional por saber lidar com nossa federação política. Se existe um culpado nisso é o ex-Presidente Lula.
Para quem gosta de análises sobre o modelo político brasileiro, foi interessante observar as avaliações sobre o nosso modelo de coalizão política. A Presidenta Dilma é tida e havida como uma novata na vida político-eleitoral, é posta como uma mulher pública que não gosta da micropolítica, enfim, que não é apaixonada pelo lado menos lúdico da política. Nesse sábado, ela fez questão de celebrar o modelo nacional das coalizões políticas que tem no PMDB o seu mais característico patrocinador.
Ela disse que o PMDB é o protagonista da maior coalizão política brasileira de todos os tempos. Ao defender as coalizões, ela crítica os que duvidam do modelo:
“Não pode fazer coalizão política por que isso vai manchar a política, pelo contrário, o Brasil tem sido governado, nos últimos anos, desde a redemocratização, por coalizões políticas, o diálogo, o entendimento, e a união de esforços tornaram-se práticas usuais para eleições de presidentes, governadores e prefeitos, assim como para formação de maiorias parlamentares e para a formação do executivo.”, destacou.
Ela disse que as maiores conquistas brasileiras, na política, vieram com as coalizões:
“ Foi através de governos de coalizão que o Brasil alcançou a maioria de suas conquistas: econômicas, sociais, institucionais e políticas.”, disse.
Ela destacou a nossa “jabuticaba política”: “Esta questão da coalizão política que nós estamos
fazendo aqui mais uma celebração é um traço institucional de nosso país. Aqui, no Brasil, convivem, as características centrais do presidencialismo com as flexibilidades típicas dos regimes parlamentaristas.”, finalizou neste tema.
Vindo de quem veio, não pareceria mais categórico. Uns poderiam dizer que está tudo perdido, outros, simplesmente, podem dizer: o poder é pragmático, sempre.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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